Chroma - Arte e Natureza

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3 participantes

    Euforia sem razão

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    Alexandre Garcia da Silva


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    Mensagem  Alexandre Garcia da Silva Qui maio 24, 2012 3:31 am

    Eu não sou fã do programa "A Liga", que passa às terças-feiras, à noite, na Bandeirantes. Vi, algumas vezes, a pretexto de fazer denúncia, apelam para o bom e velho (e rentável) sensacionalismo.
    Mas na última terça não resisti. E achei a matéria bastante pertinente. Graças à Copa do Mundo no Brasil, Itaquera está passando por várias transformações. Não foi o lado "bom" do tema, que causa tanta euforia, o foco do programa. E não será o meu aqui, também.
    Poucos estão se lembrando de abordar a questão das pessoas que terão suas casas desapropriadas para a construção de novas vias. Alguns, em situação irregular, sequer serão indenizados.
    Enquanto isso, empresários do ramo hoteleiro e os velhos especuladores imobiliários de plantão comemoram. Eles, sim, tem todos os motivos do mundo para estarem eufóricos. São os que, de fato, irão ganhar. E muito.
    Enquanto eu via a matéria e me revolta em vão, como sempre, minha mãe, na sua sabedoria dada pela vida, lembrou-me de algo bastante pertinente: alguns desses que hoje choram na frente das câmeras pelos motivos mais compreensíveis, amanhã estarão gritando "gol!" na frente da televisão. É como dizem: cada povo tem o governo que merece!
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    Mensagem  Thiago Silva Sex maio 25, 2012 12:13 am

    Infelizmente essa é uma grande verdade... A maldita especulação sempre acaba com qualquer possibilidade de termos uma vida digna. Não apenas a especulação imobiliária, mas também a especulação financeira... Enquanto nossa sociedade for baseada em mentiras, a especulação estará aí para nos assombrar.

    Exemplos não faltam. A queda das taxas de juros no Brasil, vista com euforia por alguns, é nada mais que outra armadilha que dificilmente terá volta. Veja esse artigo, dá até medo de pensar:

    http://www.gazetadopovo.com.br/imobiliario/conteudo.phtml?tl=1&id=1205390&tit=Diversos-antecedentes-indicam-que-ha-bolha-imobiliaria-no-Brasil

    Nessas horas também me lembro do artigo "Crise de Humanidade", publicado em 2009 pelo Professor Leonardo Boff:

    Crise de humanidade

    A crise econômico-financeira, presivísvel e inevitável, remete a uma crise mais profunda. Trata-se de uma crise de humanidade. Faltaram traços de humanidade minimos no projeto neoliberal e na economia de mercado, sem os quais nenhuma instituição, a médio e longo prazo, se agüenta de pé: a confiança e a verdade. A economia pressupõe a confiança de que os impulsos eletrônicos que movem os papéis e os contratos tenham lastro e não sejam mera matéria virtual, portanto, fictícia. Pressupõe outrossim a verdade de que os procedimentos se façam segundo regras observadas por todos. Ocorre que no neoliberalismo e nos mercados, especialmente a partir da era Thatcher e Reagan, predominiou a financeirização dos capitais. O capital financeiro-especulativo é da ordem de 167 trilhões de dólares, enquanto o capital real, empregado nos processos produtivos (por volta de 48 trilhões de dólares anuais). Aquele delirava na especulação das bolsas, dinheiro fazendo dinheiro, sem controle, apenas regido pela voracidade do mercado. Por sua natureza, a especulação comporta sempre alto risco e vem submetida a desvios sistêmicos: à ganância de mais e mais ganhar, por todos os meios possíveis.

    Os gigantes de Wall-Street eram tão poderosos que impediam qualquer controle, seguindo apenas suas próprias regulações. Eles contavam com as informação antecipadas (Insider Information), manipulavam-nas, divulgavam boatos nos mercados, induziam-nos a falsas apostas e tiravam dai grandes lucros. Basta ler o livro do mega-especulador George Soros A crise do capitalismo para constatá-lo, pois ai conta em detalhes estas manobras que destroem a confiança e a verdade. Ambas eram sacrificadas sistematicamente em função do ganância dos especuladores. Tal sistema tinha que um dia ruir, por ser falso e perverso, o que de fato ocorreu.

    A estratégia inicial norte-americana era injetar tanto dinheiro nos “ganhadores”(winner) para que a lógica continuasse a funcionar sem pagar nada por seus erros. Seria prolongar a agonia. Os europeus, recordando-se dos resquícios do humanismo das Luzes que ainda sobraram, tiveram mais sabedoria. Denunciaram a falsidade, puseram a campo o Estado como instância salvadora e reguladora e, em geral, como ator econômico direto na construção na infra-estutura e nos campos sensíveis da economia. Agora não se trata de refundar o neoliberalismo mas de inaugurar outra arquitetura econômica sobre bases não fictícias. Isto quer dizer, a economia deve ser capítulo da política (a tese clássica de Marx), não a serviço da especulação mas da produção e da adequada acumulação. E a política se regerá por critérios éticos de transparência, de equidade, de justa media, de controle democrático e com especial cuidado para com as condições ecológicas que permitem a continuidade do projeto planetário humano.

    Por que a crise atual é crise de humanidade? Porque nela subjaz um conceito empobrecido de ser humano que só considera um lado dele, seu lado de ego. O ser humano é habitado por duas forças cósmicas: uma de auto-afirmação sem a qual ele desaparece. Aqui predomina o ego e a competição. A outra é de integração num todo maior sem o qual também desaparece. Aqui prevalece o nós e a cooperação A vida só se desenvolve saudavelmente na medida em que se equilibram o ego com o nós, a competição com a cooperação. Dando rédeas só à competição do ego, anulando a cooperação, nascem as distorções que assistimos, levando à crise atual. Contrariamente, dando espaço apenas ao nós sem o ego, gerou-se o socialismo despersonalizante e a ruína que provocou. Erros desta gravidade, nas condições atuais de interdepedência de todos com todos, nos podem liquidar. Como nunca antes temos que nos orientar por um conceito adequado e integrador do ser humano, por um lado individual-pessoal com direitos e por outro social-comunitário com limites e deveres. Caso contrário, nos atolaremos sempre nas crises que serão menos econômico-financeiras e mais crises de humanidade.

    Alexandre, esse lance do estádio de futebol pode ser explorado nas Crônicas de Piápolis, não? Afinal, já andaram te perguntando sobre Piápolis na Copa do Mundo mesmo... rsrsrs
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    Alexandre Garcia da Silva


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    Mensagem  Alexandre Garcia da Silva Sex maio 25, 2012 2:50 am

    Thiago, já pensei em algo semelhante, sim. Eu não vou, pelo menos por ora, brincar com a ideia de uma Copa do Mundo em Piápolis porque eu quero, na medida do possível, que a realidade nas minhas histórias seja fiel à nossa.
    Mas você pode ter certeza de que o tema das especulações, em especial a imobiliária, terá um peso cada vez maior.
    Terminei a 1ª história do 2º número de "Crônicas de Piápolis". E estou começando a segunda, a partir da qual esse tema começa a se fazer presente. Estou preparando aos poucos, até porque meu trabalho está me obrigando a estudar livros de várias áreas do conhecimento.
    Para adiantar alguma coisa: Piápolis, capital, é "dividida" em Centro Velho e Centro Novo. Neste, onde estão os grandes escritórios, os hoteis de luxo, a especulação imobiliária se apossou de todos os metros quadrados possíveis os quais, por sua vez, se tornaram os mais caros do país (vou aproveitar para falar do desastre ambiental que essa construção desenfreada causou). Sem ter mais para onde construir, os especuladores (grupo do qual o pai da Heloísa faz parte) lembrou-se do degradado Centro Velho. Onde há muitos prédios "velhos" para serem derrubados (tombamento?! nem pensar!) e onde o metro quadrado ainda é muito barato. No meio dessa confusão, vai surgir uma personagem que estou preparando há muito tempo. Uma urbanista que vai se contrapor a esse grupo (e que vai viver um breve romance com o Soter... ops, spoiler!).
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    Mensagem  Thiago Silva Dom maio 27, 2012 3:08 pm

    Realmente interessante esta idéia, até porque condiz exatamente com a nossa realidade atual. Smile

    Eu não havia pensado exatamente numa Copa em Piápolis, mas lembra da daquela sugestão que te fiz, sobre você definir qual esporte seria a paixão nacional de Piápolis?

    Considerando a relação Brasil-Piápolis que você quer colocar nas histórias, acho que o futebol teria pouco espaço no país, justamente pelo Brasil amar este esporte. Assim, eu pensei em outros esportes terem mais força na sua história, esporte conhecidos no Brasil mas de pouca importância no nosso país... Por exemplo, Rugby, Handebol, Polo Aquático, etc...

    Ao invés da construção de um estádio, a cidade de Piápolis poderia sofrer com a construção de um centro de esportes voltado para a principal equipe local, por exemplo. Smile
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    Mensagem  Yuri Akemi Ter maio 29, 2012 2:05 am

    Posso fazer uma sugestão? ^_^

    Pelo que entendi do "Crônicas de Piápolis" até agora, a história fala de uma cidade com grandes diferenças sociais, onde os ricos têm acesso a tudo e os pobres quase não têm opção, acertei?

    Alexandre, não se zangue comigo, mas ainda não comprei a sua revistinha e não li no site. Aos poucos estou lendo sobre ela aqui no fórum e estou me interessando. Acho que vou ler seu primeiro capítulo assim que tiver tempo. ^_^

    Bom, eu pensei que, se Piápolis tem um esporte preferido, então este esporte também deveria ser elitizado, né? Acho que os esportes mais elitizados hoje em dia são a Vela, o Pólo (a cavalo, não na água), a Esgrima, o Tiro e o Hipismo. ^_^

    Bjns
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    Alexandre Garcia da Silva


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    Mensagem  Alexandre Garcia da Silva Ter maio 29, 2012 3:25 am

    Yuri, gostei das sugestões. Na verdade, "Piápolis" é um país fictício. Desde o 1º instante em que a ideia me veio até agora, "´Piápolis" cresceu muito mais do que eu imaginaria.
    Eu vou me focar nos seis personagens principais que aparecem na capa do nº 01. Mas já estou vendo a possibilidade (ou seria necessidade?) de criar outros "núcleos" dentro desse universo que estou construindo. Mais ou menos como funciona numa telenovela. Cada um desses núcleos traria um ambiente com seus temas e personagens específicos. Um desses "núcleos" seria ambientado, por exemplo, no mundo dos esportes. Eu poderia abordar um esporte mais popular, como o futebol, e um mais elitista, como os que você me sugeriu. As possibilidades são muitas, e os desafios também.
    Percebe o tamanho disso tudo? De repente estou me vendo obrigado a começar a ler muitos jornais, revistas e livros, a me inteirar dos mais diversos assuntos, a conhecer e conversar com os mais variados tipos de pessoas... agora mesmo, acabei de assistir ao programa "Roda Viva" da TV Cultura com a entrevista do presidente da FIESP. Amanhã posso assistir a um documentário que fale sobre o mundo do circo (alô, Osmar!)ou mesmo a alguma matéria jornalística que trate da vida de catadores de papel em São Paulo. Tudo isso para agregar informações para Piápolis. O desafio é grande mas, ao mesmo tempo que me assusta, me deixa estimulado.

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