É mais do que sabido do quão baixa anda a qualidade do humor na TV brasileira. As opções? O humor baixaria para adolescente, como o do "Pânico"? Ou o humor infantilóide que não se renova, como o da "Praça é Nossa" ou "Zorra Total"?
Diante desse quadro terrível, é que o "CQC" pareceu uma proposta bastante alentadora. O que se prometia era um humor inteligente, provocante, crítico. E durante um bom tempo eu acreditei nessa proposta. Mas...
Claro, mudanças, inclusive de opinião, não são automáticas. Há vários fatos que se somam até culminar no ponto crítico que determina a mudança. Mas vou citar um exemplo para que não fique tudo muito vago.
A matéria, se não me engano, era na Câmara de Vereadores de Maceió. A pauta, os escândalos de sempre: vereadores recebendo salários extratosféricos para trabalharem pouco ou quase nada, direito a 13º, 14º e até 15º salário, essas coisas...
O repórter (ou seria "repórter"?), um tal de Ronald Rios (acho que é esse o nome) abordava a todos os "digníssimos" políticos com o mesmo tom inquisitivo com que o "CQC" conquistou sua respeitabilidade ao longo dos anos (respeitabilidade essa que eu começo a crer nada merecida). Aí , o repórter aborda a famigerada Heloísa Helena (lembram-se dela). E ela aproveita o microfone para fazer o seu discurso de (fingida) indignação. Com o beneplácito não só do repórter, como também do sr. Marcelo Tas. Até aí, tudo bem. Só que há um detalhe: Heloísa Helena, atualmente (pelo menos, segundo a matéria do próprio "CQC") também é vereadora em Maceió. Também recebe salários extratosféricos, também tem direito aos mesmos 13º, 14º e 15º salários dos seus colegas. E nenhum momento ela foi questionada sobre isso. Ao contrário, foi dada a ela uma chance de fazer o seu discursozinho (que no início, confesso, me enganou) como se ela não tivesse absolutamente nada a ver com o pato. Por que essa diferença de tratamento? Por que dois pesos e duas medidas? O programa não é crítico? Livre? Não procura ser a voz crítica do cidadão indignado que não tem chance de se manifestar na grande mídia?
Outro exemplo? Por que o programa, que é tão crítico, tão independente, trata o ex-presidente Lula com tanta deferência? Carinho, mesmo? E nunca o questiona acerca do mensalão?
Às vezes, o humor crítico (que eles não tem coragem de dirigir contra todos, pelo visto), ao invés de ser uma arma, acaba funcionando em favor daqueles mesmos políticos aos quais nossas críticas se dirigem. Basta que eles sejam suficientemente cínicos, e muito espertos, como o Maluf, por exemplo. Então, aquele sujeito que deveria ser objeto de toda nossa indignação, acaba ficando, até mesmo, simpático na frente das câmeras do "CQC". E o resultado é que o humor que se pretendia inteligente acaba diluindo o senso crítico de quem assiste ao programa.
Diante desse quadro terrível, é que o "CQC" pareceu uma proposta bastante alentadora. O que se prometia era um humor inteligente, provocante, crítico. E durante um bom tempo eu acreditei nessa proposta. Mas...
Claro, mudanças, inclusive de opinião, não são automáticas. Há vários fatos que se somam até culminar no ponto crítico que determina a mudança. Mas vou citar um exemplo para que não fique tudo muito vago.
A matéria, se não me engano, era na Câmara de Vereadores de Maceió. A pauta, os escândalos de sempre: vereadores recebendo salários extratosféricos para trabalharem pouco ou quase nada, direito a 13º, 14º e até 15º salário, essas coisas...
O repórter (ou seria "repórter"?), um tal de Ronald Rios (acho que é esse o nome) abordava a todos os "digníssimos" políticos com o mesmo tom inquisitivo com que o "CQC" conquistou sua respeitabilidade ao longo dos anos (respeitabilidade essa que eu começo a crer nada merecida). Aí , o repórter aborda a famigerada Heloísa Helena (lembram-se dela). E ela aproveita o microfone para fazer o seu discurso de (fingida) indignação. Com o beneplácito não só do repórter, como também do sr. Marcelo Tas. Até aí, tudo bem. Só que há um detalhe: Heloísa Helena, atualmente (pelo menos, segundo a matéria do próprio "CQC") também é vereadora em Maceió. Também recebe salários extratosféricos, também tem direito aos mesmos 13º, 14º e 15º salários dos seus colegas. E nenhum momento ela foi questionada sobre isso. Ao contrário, foi dada a ela uma chance de fazer o seu discursozinho (que no início, confesso, me enganou) como se ela não tivesse absolutamente nada a ver com o pato. Por que essa diferença de tratamento? Por que dois pesos e duas medidas? O programa não é crítico? Livre? Não procura ser a voz crítica do cidadão indignado que não tem chance de se manifestar na grande mídia?
Outro exemplo? Por que o programa, que é tão crítico, tão independente, trata o ex-presidente Lula com tanta deferência? Carinho, mesmo? E nunca o questiona acerca do mensalão?
Às vezes, o humor crítico (que eles não tem coragem de dirigir contra todos, pelo visto), ao invés de ser uma arma, acaba funcionando em favor daqueles mesmos políticos aos quais nossas críticas se dirigem. Basta que eles sejam suficientemente cínicos, e muito espertos, como o Maluf, por exemplo. Então, aquele sujeito que deveria ser objeto de toda nossa indignação, acaba ficando, até mesmo, simpático na frente das câmeras do "CQC". E o resultado é que o humor que se pretendia inteligente acaba diluindo o senso crítico de quem assiste ao programa.