Pessoal, se vocês me permitem o atrevimento, gostaria de deixar aqui alguns poeminhas bestas, já que não tenho a pretensão de publicá-los:
ELEGIA nº 01
Lembro-me daquela manhã de sábado
Que parecia ser o início de tudo, de tanto, de nada.
Lembro-me do tempo em que isto entre nós
Não tinha o menor pudor em ser belo
E em que a ingenuidade dum delírio tardio
Era a sublime ousadia ante a invencível voragem da vida.
E isto entre nós foi tão tácito
Que de tudo esteve nu: de confissão, significado, existência.
Deus algum poderia perdoar tamanha fragilidade.
Do teu prado estéril sequer colherei memória.
Mas a fome que me abrasa o corpo,
Fome da fome dum outro corpo,
Jamais calará a comoção que, cega e confusa,
Quer amar até mesmo o que chega a odiar.
É bela a maldição do artista.
Suas chagas florescem as vidas dos que buscam ser tocados.
Seu corpo dança para comunicar o indizível do seu sofrer.
E a comunhão que se impõe com singular beleza
Não vence a dor que desespera.
Quiçá nada é mais obsceno
Do que a crueldade de tal comunhão.
Quem se embevecerá com minha agonia?
Se a minha elegia é feita de silêncio?
Se a covardia da minha loucura não deixa suas quimeras adejarem em tuas dúvidas
Eu não sou artista.
O medo de te perder não coube numa performance.
Por isso, o amor não é real, embora verdadeiro.
Por isso, a palavra não semeia mundos no vazio negro desta solidão.
Você irá embora.
Simplesmente.
Eu jamais pude seduzir a vida com as histórias que fabulei e não vivi.
Você irá embora.
E eu, sem poder suportar, prosseguirei,
Pois tudo é tão pungentemente fácil quando não se tem escolha.
Lembro-me daquela manhã de sábado,
Na praça onde desenhávamos.
Eu tinha as certezas só permitidas aos loucos e aos visionários,
Pois a embriaguez da fé nos liberta do tempo e da vida.
Lembro-me daquela manhã de sábado
E tépidos diamantes escorrem cortantes
Dos meus olhos tintos do arrebol da amarga vigíla.
Que permaneça incofessa esta loucura que jamais quis compartilhar contigo
Para que jamais perca sua imperdoável beleza.
ELEGIA nº 01
Lembro-me daquela manhã de sábado
Que parecia ser o início de tudo, de tanto, de nada.
Lembro-me do tempo em que isto entre nós
Não tinha o menor pudor em ser belo
E em que a ingenuidade dum delírio tardio
Era a sublime ousadia ante a invencível voragem da vida.
E isto entre nós foi tão tácito
Que de tudo esteve nu: de confissão, significado, existência.
Deus algum poderia perdoar tamanha fragilidade.
Do teu prado estéril sequer colherei memória.
Mas a fome que me abrasa o corpo,
Fome da fome dum outro corpo,
Jamais calará a comoção que, cega e confusa,
Quer amar até mesmo o que chega a odiar.
É bela a maldição do artista.
Suas chagas florescem as vidas dos que buscam ser tocados.
Seu corpo dança para comunicar o indizível do seu sofrer.
E a comunhão que se impõe com singular beleza
Não vence a dor que desespera.
Quiçá nada é mais obsceno
Do que a crueldade de tal comunhão.
Quem se embevecerá com minha agonia?
Se a minha elegia é feita de silêncio?
Se a covardia da minha loucura não deixa suas quimeras adejarem em tuas dúvidas
Eu não sou artista.
O medo de te perder não coube numa performance.
Por isso, o amor não é real, embora verdadeiro.
Por isso, a palavra não semeia mundos no vazio negro desta solidão.
Você irá embora.
Simplesmente.
Eu jamais pude seduzir a vida com as histórias que fabulei e não vivi.
Você irá embora.
E eu, sem poder suportar, prosseguirei,
Pois tudo é tão pungentemente fácil quando não se tem escolha.
Lembro-me daquela manhã de sábado,
Na praça onde desenhávamos.
Eu tinha as certezas só permitidas aos loucos e aos visionários,
Pois a embriaguez da fé nos liberta do tempo e da vida.
Lembro-me daquela manhã de sábado
E tépidos diamantes escorrem cortantes
Dos meus olhos tintos do arrebol da amarga vigíla.
Que permaneça incofessa esta loucura que jamais quis compartilhar contigo
Para que jamais perca sua imperdoável beleza.