O filme " A Festa de Babette ", do diretor dinamarquês Gabriel Axel, é visto pelos críticos de cinema, cinéfilos e o público em geral como uma obra elogiável. Confesso que nunca vi alguém denegri-lo. É lembrado como delicioso e uma magnífica celebração da comida como arte, além de mostrar o prazer da degustação, uma sensação no paladar que engrandece a alma. A sinopse do filme pode ser lido por qualquer pessoa nos diversos meios de comunicação. A obra, que ganhou o Oscar de produção estrangeira em 1988, tem o mérito de mostrar o quanto a rigidez da ideia de salvação da alma nos tira o prazer de viver. A noção deturpada do pecado se destaca. Babette tem a melhor das intenções, sabe como fazer um autêntico banquete francês para o deleite dos convidados.Não se importa com despesas, quer mostrar a sua arte e dar prazer. Mas comete um equívoco. Vidas foram interrompidas para o preparo dos alimentos. Claro, devemos pensar na comida como uma fonte de prazer, porém sem causar danos aos animais inocentes que merecem também viver e sentir prazer. A nossa liberdade termina quando eliminamos e prejudicamos diretamente a liberdade do outro. O nosso prazer termina quando colaboramos diretamente para o desprazer do outro. É injusto e antiético. O filme de Axel merece uma reflexão mais apurada e consciente. Os elogios são desmedidos.