O jornalismo cultural no Brasil é muito pobre. Fica restrito ao lançamento de um CD, ao aniversário da morte de um escritor,a uma pequena entrevista com um artista qualquer. Chega a um público restrito e que tem um bom nível cultural,porém tem receio e preguiça de refletir, opinar, discordar e discutir. A especialização está empobrecendo o ser humano.Temos profissionais até bem sucedidos e competentes no mercado de trabalho, mas que só falam do que fazem. É o dentista que só fala de dentes,o advogado que só conhece leis, o médico que só discorre sobre o corpo humano. E o jornalismo cultural se ressente e fica inculto porque ele precisa desfazer tabus, preconceitos,ideias velhas e carcomidas pelo tempo e pelo senso comum. Jornalismo cultural não é só informação, mas também formação. Tem a finalidade de educar e repensar o movimento do mundo. Requer uma linguagem culta sem ser pedante, questionadora sem ser incompreensível e ainda com pitadas de ironia, provocação e humor.
2 participantes
A agonia do jornalismo cultural no Brasil
José Lúcio de Barros- Mensagens : 38
Data de inscrição : 17/06/2012
- Mensagem nº1
A agonia do jornalismo cultural no Brasil
Alexandre Garcia da Silva- Mensagens : 102
Data de inscrição : 17/05/2012
Idade : 48
Localização : Poá/SP (ou Piápolis, se preferirem)
- Mensagem nº2
Re: A agonia do jornalismo cultural no Brasil
Lúcio, eu já vi esse mesmo questionamento ser feito por alguns escritores e jornalistas.
Eu te pergunto: houve algum momento aqui no Brasil em que esse cenário era diferente? Em que se praticava um jornalismo cultural digno do nome? Se sim, em qual revista ou jornal?
Eu te pergunto: houve algum momento aqui no Brasil em que esse cenário era diferente? Em que se praticava um jornalismo cultural digno do nome? Se sim, em qual revista ou jornal?
José Lúcio de Barros- Mensagens : 38
Data de inscrição : 17/06/2012
- Mensagem nº3
Re: A agonia do jornalismo cultural no Brasil
Sim, Alexandre, pelo pouco que li o jornalismo cultural no Brasil já teve bons momentos.No final do século XIX tivemos Machado de Assis(crítico de teatro e literatura)e José Veríssimo. Com a dificuldade de viver exclusivamente de literatura no Brasil, vários escritores se iniciaram primeiro pelo jornalismo e pela crítica. É o caso de Lima Barreto e Mário de Andrade. Em 1928 surgiu a revista O Cruzeiro que passou pelos anos 30 e 40 como a revista mais importante do Brasil. Também nos anos 40 e até o final dos anos 60, o jornal Correio da Manhã merece destaque. Graciliano Ramos, Aurélio Buarque de Holanda, Carlos Drummond de Andrade, Antonio Callado, Paulo Francis, Ruy Castro, Nelson Rodrigues, entre outros, eram nomes expressivos. No final dos anos 50, o bom jornalismo cultural estava no Jornal do Brasil, Última hora, Diário Carioca e O Estado de São Paulo. Este último com o suplemento cultural dirigido por Décio de Almeida Prado. Em 1969 aparece O Pasquim que misturava humor, política e cultura e ainda contava com a participação de Millôr Fernandes, Ziraldo e Sérgio Augusto. Nos anos 70 e 80, Paulo Francis continuou se destacando. Nos anos 90, assuntos como gastronomia, design e moda tornaram-se comuns. Hoje até O Estado de São Paulo, depois da morte de Daniel Piza, não é mais estimulante.
Alexandre Garcia da Silva- Mensagens : 102
Data de inscrição : 17/05/2012
Idade : 48
Localização : Poá/SP (ou Piápolis, se preferirem)
- Mensagem nº4
Re: A agonia do jornalismo cultural no Brasil
Também, com esse time de craques que você citou, acho muito difícil haver novamente no Brasil jornalismo cultural com a mesma qualidade.
Então, as gerações talentosas já passaram e não está havendo uma renovação à altura?
Então, as gerações talentosas já passaram e não está havendo uma renovação à altura?
José Lúcio de Barros- Mensagens : 38
Data de inscrição : 17/06/2012
- Mensagem nº5
Re: A agonia do jornalismo cultural no Brasil
Alexandre, temos bons profissionais no jornalismo, mas quase todos especializados. Não consigo perceber uma crítica literária no Brasil porque quem escreve normalmente não conhece todo o trabalho do autor e também tem pouca afinidade com os livros que mudaram o rumo da humanidade. A crítica cinematográfica está cada vez mais superficial e não percebo uma análise que possa desmontar ideias velhas e aprofundar um assunto.A vida de um jornalista cultural não é tão fácil quanto parece. É preciso ler muito, ver filmes e peças teatrais, ir à exposições e festivais e ainda não pode ignorar as outras áreas, como a política e a economia. Gosto muito do Ruy Castro e vejo que o Estadão não encontrou um substituto para o Daniel Piza.
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