Segundo a máxima popular, é tranquilo o sono do justo, assim como é tranquila a consciência daqueles que são honestos.
Será?
Tranquilo, mesmo, é o sono dos canalhas. Dos canalhas que não têm freios morais para sua falta de escrúpulos. Que jamais sentem remorso por terem pisado nos outros para alcançarem seus objetivos espúrios. Que não se colocam jamais no lugar do outro, para quem o outro não conta, não importa, não existe. Ou só conta, importa e existe quando úteis para algum fim (como se pessoas não fossem mais do que coisas descartáveis). A paz do seu espírito (de porco) está garantida pelo seu cinismo.
Mais tranquilo, ainda, é o sono dos canalhas que, em razão de sua privilegiada posição política ou econômica, podem contar com a impunidade de seus crimes.
Já o justo...
Esse não tem o sono tranquilo não, senhor.
O justo não pode errar. Nunca. Essa impossível perfeição é exigida não só da sua própria consciência como daqueles que o conhecem como tal.
As pessoas agem como se o canalha pudesse errar sempre. Pois é o que se espera de sua (torpe) natureza. O canalha acaba ganhando o direito irrevogável de prejudicar quem quer que seja.
O justo? Jamais. Ele deve ser a referência, o exemplo. A base que sustenta o pouco de moralidade que ainda resta em nossa cada vez mais carcomida sociedade. Pois, se as coisas não chegaram a um completo inferno é porque a alguns foi imposta a obrigação de serem santos. De terem sempre o pensamento correto, a palavra correta, o sentimento correto. Mas, o que são o pensamento correto, a palavra correta, o sentimento correto? Ninguém conhece. Mas todos cobram. Do justo. Somente do justo. E porque essa inversão?
As pessoas não gostam de surpresas.
O mundo, a vida, as pessoas, tudo tem que funcionar com exatidão, com as fronteiras entre o bem e o mal perfeitamente delineadas. A uns, o privilégio de se comprazerem no mal. A outros, o insuportável exercício de praticar o bem. SEMPRE.
Às vezes, a cruz pesa demais. E o justo até encontra consolo, uma palavra amiga. Mas tal consolo, tal palavra amiga, não passam de cobranças. "Você NÃO pode dizer essas coisas!" "Você NÃO pode pensar assim!" "Você NÃO pode desistir!" Esse é o amargo quinhão do justo: muitos nãos e nenhuma compreensão.
E, à noite, com a sofrida cabeça sobre o travesseiro, o justo pensa. Pensa nos problemas que teve que assumir e que jamais resolverá como ele acha (e todos acham) que deveria. Pensa nas coisas que fez, que deveria ter feito tudo melhor, que o esforço desprendido não foi suficiente. Pensa nos momentos de fraqueza que nunca lhe são permitidos, apesar de ele ser tão humano quanto qualquer outro (inclusive quanto o canalha).
Não, meus amigos. O sono do justo NÃO É TRANQUILO!
Será?
Tranquilo, mesmo, é o sono dos canalhas. Dos canalhas que não têm freios morais para sua falta de escrúpulos. Que jamais sentem remorso por terem pisado nos outros para alcançarem seus objetivos espúrios. Que não se colocam jamais no lugar do outro, para quem o outro não conta, não importa, não existe. Ou só conta, importa e existe quando úteis para algum fim (como se pessoas não fossem mais do que coisas descartáveis). A paz do seu espírito (de porco) está garantida pelo seu cinismo.
Mais tranquilo, ainda, é o sono dos canalhas que, em razão de sua privilegiada posição política ou econômica, podem contar com a impunidade de seus crimes.
Já o justo...
Esse não tem o sono tranquilo não, senhor.
O justo não pode errar. Nunca. Essa impossível perfeição é exigida não só da sua própria consciência como daqueles que o conhecem como tal.
As pessoas agem como se o canalha pudesse errar sempre. Pois é o que se espera de sua (torpe) natureza. O canalha acaba ganhando o direito irrevogável de prejudicar quem quer que seja.
O justo? Jamais. Ele deve ser a referência, o exemplo. A base que sustenta o pouco de moralidade que ainda resta em nossa cada vez mais carcomida sociedade. Pois, se as coisas não chegaram a um completo inferno é porque a alguns foi imposta a obrigação de serem santos. De terem sempre o pensamento correto, a palavra correta, o sentimento correto. Mas, o que são o pensamento correto, a palavra correta, o sentimento correto? Ninguém conhece. Mas todos cobram. Do justo. Somente do justo. E porque essa inversão?
As pessoas não gostam de surpresas.
O mundo, a vida, as pessoas, tudo tem que funcionar com exatidão, com as fronteiras entre o bem e o mal perfeitamente delineadas. A uns, o privilégio de se comprazerem no mal. A outros, o insuportável exercício de praticar o bem. SEMPRE.
Às vezes, a cruz pesa demais. E o justo até encontra consolo, uma palavra amiga. Mas tal consolo, tal palavra amiga, não passam de cobranças. "Você NÃO pode dizer essas coisas!" "Você NÃO pode pensar assim!" "Você NÃO pode desistir!" Esse é o amargo quinhão do justo: muitos nãos e nenhuma compreensão.
E, à noite, com a sofrida cabeça sobre o travesseiro, o justo pensa. Pensa nos problemas que teve que assumir e que jamais resolverá como ele acha (e todos acham) que deveria. Pensa nas coisas que fez, que deveria ter feito tudo melhor, que o esforço desprendido não foi suficiente. Pensa nos momentos de fraqueza que nunca lhe são permitidos, apesar de ele ser tão humano quanto qualquer outro (inclusive quanto o canalha).
Não, meus amigos. O sono do justo NÃO É TRANQUILO!