Chroma - Arte e Natureza

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    Conheça o universo das HQs nacionais!

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    Mensagem  Thiago Silva Ter Abr 09, 2013 1:43 am

    Quem foi que disse que brasileiro não sabe fazer HQ de qualidade?

    Desde o começo do ano, às sextas, tenho feito algumas pequenas resenhas sobre HQs nacionais em nossa página no Facebook, seja ela lançada por editora, independente ou um fanzine. O nosso objetivo é que possamos descobrir juntos o incrível mundo dos quadrinhos brasileiros.

    Neste tópico, faremos um catálogo de todas as resenhas já publicadas, para que vocês possam acompanhar caso tenham perdido alguma.

    Se você for um autor e quiser ver sua revista divulgada por aqui, envie-nos um e-mail (contato@projetochroma.net.br).

    Divirtam-se!! bounce


    Última edição por Thiago Silva em Sáb Abr 13, 2013 6:12 pm, editado 2 vez(es)
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    Mensagem  Thiago Silva Ter Abr 09, 2013 1:45 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 481286_398723203547838_1627485566_n

    A primeira resenha é de uma revista da Editora Júpiter II. Trata-se de Chico Spencer, com roteiro de José Salles e arte de Emmanuel Thomaz.

    Quem é Chico Spencer? Nas palavras de José Salles:

    "É um detetive, por isso tem que ser um cara durão. Mas, antes de ser um cara durão, Chico Spencer gosta de ser um cara justo e honesto. E, antes de ser durão, justo e honesto, Chico Spencer é uma pessoa como qualquer um de nós, capaz de sorrir ou se irritar, ficar feliz ou triste, emocionado ou ranzinza. Ele cobra recompensa pecuniária por seu trabalho, mas não pensem que não seja capaz de fazer caridade quando necessário. É um altruísta neste mundo interesseiro e materialista. Não por acaso seu melhor amigo não é deste mundo. O amigo de Spencer é um ser de outra dimensão, elegante, de voz encantadora. Só Chicão pode enxergar e conversar com seu parceiro, e este não se fará de rogado para ajudar o detetive sempre que possível."

    Chico Spencer proporciona boas aventuras sobre investigação, dosando momentos de aventura com ótimas oportunidades de reflexão. O roteiro de José Salles nos presenteia com histórias simples, muito bem elaboradas e que remetem ao nosso cotidiano e à nossa realidade atual. A arte de Emmanuel Thomaz, por sua vez, transmite muito bem o ambiente em que se passam as histórias, além de trabalhar muito bem a personalidade dos personagens.

    Chico Spencer volume 01
    José Salles e Emmanuel Thomaz
    Editora Júpiter II
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Custo: R$3,00

    Link para quem quiser conhecer mais: http://jupiter2hq.blogspot.com.br/2011/06/quem-e-chico-spencer.html
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    Mensagem  Thiago Silva Ter Abr 09, 2013 1:47 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 424385_401215229965302_534916098_n

    A segunda resenha é de uma HQ que se tornou irmã de coração do Bandeirinha. Trata-se de "P.E.T. Contra a Ameaça Biológica", de Nestablo Ramos, publicada pela LER Editora, de Brasilia.

    A história começa quando sete animais são escolhidos pela Consciência Cósmica para salvarem o nosso planeta: Lupo, o lobo-guará; Olga, a onça-pintada; Sabre, o tigre-siberiano; Blindado, o tatu-canastra; Sauro, o jacaré-açu; Pan, o panda gigante; e Leo, o mico-leão-dourado. Auxiliados por uma humana chamada Regina, nesta primeira história o grupo precisa encarar uma poderosa criatura desenvolvida em laboratório que ameaça as águas de uma reserva subterrânea próxima a uma pequena cidade.

    O livro tem uma qualidade fantástica em todos os detalhes. A editora caprichou e fez um produto à altura do trabalho de Nestablo. Os desenhos são excelentes, com ótima colorização (tanto na capa quanto nas páginas internas), e todos os personagens são muito expressivos e cheios de vida! Nestablo acertou em cheio ao fazer cada personagem com seu próprio uniforme. Os visuais em geral refletem muito bem os poderes e as características de cada um.

    Os personagens esbanjam personalidade, especialmente a Olga, o Lupo, o Blindado e o Leo! O roteiro é bem elaborado e equilibra bem a atuação de cada membro do grupo. Nenhum personagem ganhou mais destaque, e nenhum personagem ficou em segundo plano. A trama em si está muito bem desenvolvida e a revelação no fim da história realmente surpreende!

    Para completar a edição, ao final da história o autor adicionou materiais informativos que auxiliam na conscientização dos leitores sobre o uso da água e sua importância para todos nós e para o planeta.

    Uma excelente obra, inclusive para se trabalhar em salas de aula! Recomendada por Bandeirinha e seus amigos!!

    P.E.T Conta a Ameaça Biológica
    Nestablo Ramos
    LER Editora
    Capa colorida, miolo colorido
    Custo: R$35,00

    Link para quem quiser conhecer mais: http://www.osprotetores.com.br/


    Última edição por Thiago Silva em Ter maio 14, 2013 1:34 am, editado 4 vez(es)
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    Mensagem  Thiago Silva Ter Abr 09, 2013 1:48 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 19424_405057396247752_1880018483_n

    A terceira resenha fala sobre "Rafe - Resolvendo uma História", e a sua continuação "Rafe - Resolvendo o Layout", ambos de autoria de Thiago Spyked, publicada pela também independente Crás Editora.

    Rafe - Resolvendo uma História é uma revista ambientada no processo criativo das HQs. A história começa quando Rafe é convocado por seu criador para participar de um jogo. Seu objetivo é matar três monstros, da forma mais criativa possível, até a página 35 da revista. Para cumprir a sua jornada, Rafe pode pedir ao seu criador que crie coisas para ele que possam ajudá-lo a enfrentar as inteligentes criaturas.

    Ao longo da história, Thiago abordou muitas questões que fazem parte do cotidiano dos quadrinistas e escritores, como o paradigma do roteiro (elaborado por Syd Field) e a jornada do herói (descrita no livro "O Herói de Mil Faces", de autoria de Joseph Campbell), conceitos altamente recomendados para quem quer se aventurar nestas áreas.

    Rafe - Resolvendo o Layout, por sua vez, não se trata de uma continuação, mas sim de uma nova aventura de Rafe nas mãos de seu criador. Nesta segunda revista, os desafios de Rafe envolvem o layout, a distribuição dos diversos elementos que compõem uma HQ (ou qualquer trabalho gráfico). O objetivo de Rafe é atravessar 7 mundos malucos para resgatar uma princesa das mãos do terrível Grunc.

    Ao longo de ambas as revistas, Spyked se vale da metalinguagem, realizando profundos e divertidos diálogos entre Rafe e seu criador (que, por sua vez, não tem piedade de sua criação e até se diverte quando Rafe se dá mal). Cada vez que Rafe perde uma vida no jogo pode ser interpretado como uma idéia no processo criativo que não deu certo (eis também a origem do nome do personagem: "rafe" é um termo popular para "rascunho").

    Com muita ação, aventura, momentos hilários e muita pesquisa, Thiago soube ensinar como poucos a função de vários elementos usados durante a criação e o desenvolvimento de uma HQ. Questões como roteiro, diagramação, distribuição dos elementos numa página são abordados de maneira leve, divertida, inusitada e sem mistérios.

    A qualidade da revista impressa também é ótima e mostra a atenção de Thiago aos pequenos detalhes de seu trabalho. Outra excelente obra nacional que merece ser vista e apreciada!!

    Rafe - Resolvendo uma História e Rafe - Resolvendo o Layout
    Thiago Spyked
    Crás Editora
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Custo: R$5,00 (cada)

    Link para quem quiser conhecer mais: http://www.editoracras.com.br/
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    Mensagem  Thiago Silva Ter Abr 09, 2013 1:49 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 531953_414840491936109_672764649_n

    A quarta resenha fala sobre "F.D.P", de autoria de Leonardo Santana e José Henrique, publicada pela extinta cooperativa independente Quarto Mundo.

    Aqueles que não conhecem o premiado Leonardo Santana roteirista, provavelmente conhecem o Leonardo Santana comerciante. Afinal, ele é o dono da famosa Bodega do Leo (www.bodegadoleo.com), uma loja virtual especializada em HQs nacionais independentes (a qual, inclusive, também disponibiliza as revistas do Chroma).

    F.D.P conta as desventuras de um repórter chamado Fernando Drummond Pessoa (segundo o próprio personagem, uma sádica homenagem de seu pai aos poetas Fernando Pessoa e Carlos Drummond de Andrade)... Que graças a suas malandragens, geralmente é chamado por aquele outro nome que também lembramos como F.D.P...

    Nesta primeira edição, o jornalista tenta cobrir um assalto a banco para o jornal em que trabalha e acaba virando negociador da polícia. Ao longo da revista, ele acaba tendo de enfrentar ladrões de banco paranormais, um agiota e seu capanga que estão em seu encalço, seu chefe visivelmente irritado por causa do atraso na reportagem e, claro, a sua inseparável ressaca.

    A exemplo de Crônicas de Piápolis, F.D.P é uma revista direcionada ao público mais adulto, não recomendada para menores de 16 anos devido aos palavrões e violência. O personagem principal é cínico, malandro e nem um pouco correto. O mesmo pode se dizer de muitos personagens com os quais ele interage ao longo da história.

    O roteiro de F.D.P mostra o porquê de Leonardo Santana ter sido várias vezes premiado como Melhor Roteirista. A história se desenvolve naturalmente e com muitas cenas de ação e suspense, sabendo dosar bem o conteúdo e criando um ambiente bastante propício para o enredo.

    A arte de José Henrique também não deixa a desejar. Os personagens são muito bem expressivos e dinâmicos, e muitas cenas difíceis foram desenhadas com muita eficiência. Muitas vezes, desenhar um jornalista cochilando em sua mesa ou tomando um cafezinho chega a ser bem mais trabalhoso do que desenhar um super-herói lutando, por causa da naturalidade exigida na cena, e estas cenas do cotidiano são muito bem trabalhadas no traço de José Henrique.

    F.D.P é uma revista totalmente em cores (algo difícil de se ver entre HQs independentes, devido ao custo mais elevado de impressão) e neste quesito, também mostra ótima qualidade. As cores feitas por Téo Pinheiro não deixam nada a desejar se comparadas a uma HQ feita em editora.

    Para o público adulto que curte suspense, ação, quadrinhos e contos policiais, F.D.P é uma ótima opção!

    F.D.P
    Leonardo Santana e José Henrique
    Quarto Mundo
    Capa colorida, miolo colorido
    Custo: R$5,00

    Link para quem quiser conhecer mais: http://4mundo.com/ ou http://www.bodegadoleo.com/
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    Mensagem  Thiago Silva Ter Abr 09, 2013 1:50 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 538347_422681831151975_171832876_n

    A quinta resenha fala do belíssimo "KM Blues", com roteiro de Daniel Esteves, desenhos de Wanderson de Souza, cores de Wagner de Souza e prefácio de Laudo Ferreira.

    A parceria entre Daniel Esteves e Wanderson de Souza vem de muito antes de KM Blues. Os dois são os responsáveis pela série Nanquim Descartável, histórias em quadrinhos independentes publicadas pela extinta Quarto Mundo. E desta parceria de longa data e de belos frutos, surge KM Blues, já começando na direção certa. Lançado de forma independente, com o selo HQemFoco, a obra está entre as contempladas com o ProAC 2011 - Programa de Ação Cultural da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo. O livro foi lançado no dia 14 de dezembro de 2012, na Livraria HQMix, em um evento marcado não apenas pelo lançamento desta obra, mas também pela despedida da Quarto Mundo.

    KM Blues conta a história de Flávio, um homem recém-divorciado que decide abandonar o emprego, a ex-esposa e o próprio filho para viajar por São Paulo, numa tentavia de reencontrar a si mesmo nos caminhos que percorreu no passado, em busca de respostas a perguntas que ele somente descobrirá ao longo da jornada.

    O personagem visita diversos lugares que fizeram parte de sua vida, reencontrando amigos, familiares, um amor do passado e um novo caminho para sua vida. Partindo desta premissa, KM Blues seria apenas mais uma história de drama e romance. Mas eis que Daniel Esteves tira sua carta da manga e introduz na história o músico Cartola, que através de sua música acaba atuando como um mentor do personagem principal.

    Para quem não conhece o Cartola, vale a pena pesquisar um pouco sobre sua vida, mesmo não gostando de samba. Angenor de Oliveira, mais conhecido como Cartola (1908 — 1980) foi um cantor, compositor e violonista carioca. Considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira, ele tomou gosto pela música e pelo samba ainda moleque e aprendeu com o pai a tocar cavaquinho e violão. Em 1928, fundou com amigos o Bloco dos Arengueiros, do qual nasceria, em 1928, a Estação Primeira de Mangueira, tradicional escola de samba do Rio de Janeiro.

    A atuação de Cartola em KM Blues é o principal destaque da história, mostrando toda inteligência e sensibilidade de Daniel Esteves. Cartola aparece constantemente conversando com Flávio, como se fosse seu amigo imaginário, e em várias partes da HQ ele canta trechos de suas canções. A história se desenrola de maneira única, fluente, conduzindo o leitor num ótimo ritmo
    e sempre deixando, a cada página, aquela vontade de saber o que vem depois.

    A arte de Wanderson de Souza e as cores de Wagner de Souza, por sua vez, encantam e impressionam pela beleza e suavidade, destacando-se das HQs que costumamos ver no dia-a-dia. A dupla de artistas nos presenteia com belos cenários, personagens expressivos, excelente exploração de ângulos e cenas e cores muito bem trabalhadas, que mais lembram belas pinturas do que a arte digital dos dias atuais.

    Ah, é importante lembrar também que os personagens de Nanquim Descartável fazem uma pequena aparição em uma das cenas. Mas não falaremos disto aqui. Afinal, KM Blues é uma HQ nacional que merece ser lida e guardada com carinho por seus leitores.

    KM Blues
    Daniel Esteves, Wanderson de Souza e Wagner de Souza
    HQ Em Foco
    Capa colorida, miolo colorido
    Custo: R$25,00

    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir a obra, enviem um e-mail para: hqemfoco@hqemfoco.com.br
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    Mensagem  Thiago Silva Ter Abr 09, 2013 1:51 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 306110_428425823910909_1937313118_n

    A sexta resenha fala do excelente "A Tempestade", com roteiro de Lillo Parra e desenhos de Jefferson Costa, publicada na Coleção Shakespeare em Quadrinhos da Editora Nemo.

    Primeiramente, é importante conferir e apoiar este trabalho que a Editora Nemo está fazendo ao adaptar as obras de William Shakespeare. Atualmente vivemos uma realidade na qual tentam constantemente remover das pessoas a sua liberdade de pensar e de sentir por conta própria. Afinal, é bem mais fácil nos controlar quando somos todos iguais. Neste contexto, somente a educação, o conhecimento e os sentimentos podem nos mostrar como realmente somos: todos diferentes, mas quando unidos, formamos o cenário mais bonito que se pode imaginar!

    Neste contexto, as obras de Shakespeare são uma inestimável fonte de cultura que pode proporcionar muitos momentos de prazer e reflexão. Nascido na cidade inglesa de Stratford-upon-Avon em 1564, ainda hoje ele é considerado um dos maiores escritores de todos os tempos. Escreveu uma vasta quantidade de contos, poemas e peças teatrais, recheadas de personagens célebres e reflexões sobre a existência humana. Seus trabalhos permanecem relevantes mesmo depois de mais de 400 anos.

    Com relação à coleção, cada edição traz uma obra de William Shakespeare no formato de quadrinhos. A Tempestade (em inglês The Tempest) é tradicionalmente considerada a última peça de William Shakespeare. Sua primeira encenação foi em 1 de Novembro de 1611 no Palácio de Whitehall em Londres. A peça é dividida em três núcleos de significação distinta (o poder, a comédia e o romance) e conta a história da tripulação de um navio que é vítima de uma tormenta em alto-mar e consegue se salvar em uma ilha, na qual vive um misterioso mago chamado Próspero e sua bela filha Miranda, além de monstros e criaturas místicas.

    Ao longo da história, conhecemos o passado de Próspero e descobrimos que ele foi o autor da tempestade, em um plano para conduzir sua vingança contra seus inimigos. Antes de viver na ilha, Próspero era o Duque de Milão, mas foi vítima de um golpe de seu irmão, Antônio, e conseguiu se salvar por pouco, fugindo para o mar e se refugiando na ilha. Agora, novamente diante de seus desafetos, ele utiliza toda a sua magia e o seu conhecimento para se vingar. Ele também pretende utilizar Miranda em seus planos, mas um inesperado sentimento da jovem causa uma surpreendente reviravolta em toda a história.

    Com relação à HQ em si, ela mantém a principal característica da coleção: durante toda a história, A Tempestade se mostra bastante fiel ao trabalho original de Shakespeare. Lillo Parra (que além de comandar o blog Gibi Rasgado e participar do blog Quadro-a-Quadro, também possui experiência de mais de dez anos em teatro pelos coletivos paulistas Teatro Popular União e Olho Vivo) conseguiu produzir uma bela versão da história, principalmente considerando a limitação de páginas e o fato de trabalhar com desenhos. Com simplicidade e sensibilidade, Lillo soube conservar a dramaticidade de Shakespeare e conseguiu aquilo que todo roteirista de quadrinhos anseia: a cada fim de página, deixar aquele gostinho de "quero mais" nos leitores.

    Os desenhos de Jefferson Costa, por sua vez, merecem serem vistos e apreciados. Com um traço simples e bem definido, Jefferson soube captar muito bem a personalidade de cada um dos personagens, desde o misterioso Próspero até a inocente Miranda. Um destaque em particular merece ser citado: o monstro Caliban, que no traço de Jefferson ganhou uma feição única. O trabalho de cores da obra também merece destaque, contribuindo ainda mais para a ambientação da história.

    A Tempestade é um trabalho em quadrinhos que só tem a somar no cenário dos autores nacionais, ajudando os leitores (especialmente os mais jovens) a conhecerem os bons trabalhos que são produzidos no Brasil. Contudo, mesmo um trabalho de excelente qualidade como este não substitui a leitura da obra original. Após conhecer o belo trabalho de Lillo e Jefferson, por que não explorar a peça original de Shakespeare?

    A Tempestade
    Adaptação da obra original de William Shakespeare
    Lillo Parra e Jefferson Costa
    Coleção Shakespeare em Quadrinhos
    Editora Nemo
    Capa colorida, miolo colorido
    Preço: R$ 39,00

    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir a obra: http://grupoautentica.com.br/nemo

    E para aqueles que quiserem conferir a peça original de Shakespeare, uma boa sugestão é a versão traduzida da L&PM Editores: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=619170
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    Mensagem  Thiago Silva Ter Abr 09, 2013 1:52 am

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    A sétima resenha não fala de uma HQ apenas, e sim de um almanaque que já está no seu quarto volume.

    Trata-se de Almanaque Meteoro, uma publicação independente dirigida por Roberto Guedes. Para quem não o conhece, ele mantém o blog Guedes Manifesto, o qual também se tornou o selo editorial de suas publicações autorais. Guedes também é o criador do super-herói brasileiro Meteoro, cujo nome compõe o título do almanaque. O Meteoro também já apareceu em outras publicações independentes, por exemplo pela Jupiter II.

    Como esta é a primeira resenha do Chroma que traz como tema os super-heróis, é importante esclarecer algumas coisas. Embora seja um gênero antigo, os super-heróis não estão batidos. Prova disso é a demanda cada vez maior de filmes de super-heróis e produtos diversos lançados todos os meses. Com relação aos super-heróis nacionais, duas coisas valem ser ditas. Sim, existem muitos super-heróis brasileiros. Sim, os autores nacionais também sabem produzir bons super-heróis e criar boas histórias com eles. Existem vários aspectos dos super-heróis brasileiros que em muito lembram os tradicionais heróis americanos, mas se o leitor tiver a mente aberta para os combatentes do crime de nossos autores, poderão descobrir muitas coisas legais.

    Almanaque Meteoro é um belo exemplo disso. A revista vai além do conceito habitual de fanzine ou de quadrinho independente. O próprio Guedes a classifica como um “prozine”, ou seja, uma publicação independente produzida por profissionais da área. Alguns ótimos exemplos de prozines são Witzend (de Wally Wood), Charlton Bullseye (de Bob Layton) e Historieta (de Oscar Kern).

    Para se ter idéia do quão profissional é o Almanaque Meteoro, vamos falar um pouco das histórias e dos autores que estão presentes na edição número 01. A primeira história da revista traz a origem do Meteoro, um adolescente que ganha superpoderes de uma misteriosa entidade, numa tentativa de evitar o que a sua espécie pretende fazer: eliminar a humanidade! O roteiro de Guedes traz uma história narrada com dinamismo e com uma trama muito boa, e conta com o talentoso traço de Aluísio de Souza (Victory) e a arte final de Julio Cesar Zvir (Lady Death, Shi). O Meteoro foi lançado em 1992, e nesta primeira edição do Almanaque teve sua origem reformulada e adaptada aos tempos atuais. Um ótimo trabalho para manter vivo este ótimo personagem!

    Outros heróis nacionais fazem presença na revista. Carlos Henry, ilustrador de livros de RPG, conseguiu autorização para produzir um crossover entre dois ícones dos heróis nacionais, Capitão 7 e Fantasticman. O próprio Guedes colabora com outra história: atuando com Marcio Baraldi (Roko-Loko) e com o ilustre Emir Ribeiro (que além de ter feito diversos trabalhos pela Marvel Comics, é o autor da Velta, uma das mais conhecidas heroínas brasileiras), traz uma ótima história com o herói Mylar (criado nos anos 1960 por Eugenio Colonnese), com a autorização do autor.

    Ainda na mesma edição, o prestigiado cartunista Bira Dantas (Dom Quixote) apresenta uma interessante história contando como seria um encontro dos músicos Egberto Gismonti e Herbie Hancock. E para completar as histórias desta edição, André Valle e Paulo Caesar apresentam O Ídolo de Pedra, um rápido, porém bem elaborado conto inspirado nas aventuras bárbaras.

    Além das excelentes histórias, a revista ainda conta com artigos muito bons sobre quadrinhos nacionais e com entrevistas muito legais com o famoso Rodolfo Zalla e com Oscar Kern, já mencionado.

    Como toda publicação independente, a tiragem dos almanaques é limitada. Quem solicitar os exemplares diretamente com o autor será agraciado com um pequeno, porém importante brinde: Guedes faz questão de autografar os exemplares!!

    Almanaque Meteoro 1
    Guedes Manifesto
    Editor: Roberto Guedes
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Preço: R$ 5,00 (Para qualquer parte do Brasil. Frete já incluso)

    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir a obra: envie um e-mail para guedesbook@gmail.com

    E para quem quiser conhecer mais sobre os vários super-heróis brasileiros, um ótimo site é o HQ Quadrinhos, mantido por Lancelot, também conhecido como o Catalogador de Universos! http://hqquadrinhos.blogspot.com.br/
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    Mensagem  Thiago Silva Ter Abr 09, 2013 1:54 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 529541_440461119374046_32128125_n

    A oitava resenha continua a mostrar um pouco sobre os super-heróis nacionais (a primeira resenha sobre este assunto foi o Almanaque Meteoro). Desta vez falaremos de um herói bastante conhecido entre os fãs de HQs nacionais: Vulto, de Wellington Santos.

    O Vulto é um personagem cujas histórias resgatam a premissa mais importante (e às vezes esquecida) dos super-heróis. Qual é o verdadeiro propósito de um heroí? Combater vilões? Lutar em universos paralelos? Decidir o destino do universo? Antes de tudo isso, o principal objetivo de um herói é praticar o bem e proteger os inocentes. E podemos dizer que Vulto não apenas resgata estes propósitos, mas o faz de uma maneira realmente única.

    Natural de Belo Horizonte, Wellington Santos começou a desenhar ainda criança, aos 07 anos de idade. Em 1990 criou o personagem Vulto, um vigilante mascarado que também habita a capital mineira. A primeira publicação do personagem ocorreu em 2005, numa edição de 88 páginas impressa pelo próprio autor (através de seu próprio selo, a WHQ). A ótima repercussão de seu trabalho fez com que em 2008 o personagem ganhasse uma nova edição pela SM Editora (atual Júpiter II, parceira do Chroma). Desde então, o personagem se tornou um dos principais heróis da Jupiter II e teve várias edições publicadas, inclusive um encontro com outro herói nacional chamado Tormenta (do qual falaremos em outra oportunidade).

    Para celebrar o sucesso do personagem, Wellington também lançou duas edições de luxo pelo Clube de Autores, totalmente coloridas, com acabamento em formato de livro e vendido através do sistema de impressão sob demanda.

    Mas o que dizer do personagem? O homem por trás da máscara do Vulto, Nelson Montenegro, não possui nenhum superpoder ou habilidade especial. Ele é um ser humano normal, altamente treinado em técnicas militares e com grande conhecimento em armas. Integrante de uma corporação policial de elite, abandona a equipe após descobrir que grande parte de seus componentes estão envolvidos com tráfico de drogas e armas. Defensor da ética, Nelson cria a identidade do Vulto e utiliza de todas as suas habilidades para lutar contra as drogas e o crime.

    Após vencer este desafio inicial, o Vulto apareceu em várias outras edições. Uma delas em particular merece destaque: Vulto - Enchentes, na qual o herói não enfrenta nenhum vilão, sendo seu principal oponente a força da natureza. Salvando vítimas das enchentes, Vulto nos faz refletir sobre a triste realidade das famílias mineiras vítimas dos períodos de violentas chuvas na região.

    Com um personagem sem poderes, contando apenas com habilidades aprimoradas por treino, Wellington consegue trabalhar suas publicações em um contexto urbano e o mais realista possível. Os cenários de suas aventuras, em sua maioria, se baseiam na cidade de Belo Horizonte, onde o herói encara a bandidagem e se impõe como o “guardião de BH”. O mesmo pode se dizer dos temas de suas aventuras, onde ele enfrenta situações comuns a todos nós, como tráfico de drogas, de armas, seqüestros, corrupção policial, entre outros. Vale mencionar também o ótimo traço de Wellington e o nível de detalhes de suas histórias, principalmente com relação aos ambientes, muitas vezes retratando muito bem os vários pontos de BH (ou de outras cidades onde o Vulto já lutou, por exemplo, em São Paulo).

    Wellington levou seu personagem a diversos eventos, dentre eles as edições do FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos) realizados na capital mineira desde 1997. Para os fãs de quadrinhos nacionais e para quem quiser conhecer mais sobre nossos super-heróis, o Vulto é uma excelente referência!

    Vulto, o Vigilante
    Wellington Santos
    Edições diversas
    Preço: as edições comuns possuem preço médio de R$ 5,00. As edições de luxo têm preço de R$81,86 e R$75,94, respectivamente.

    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir as edições comuns: envie um e-mail para vultohq@yahoo.com.br

    Para adquirir as edições de luxo, visite: http://www.clubedeautores.com.br/
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb Abr 13, 2013 1:43 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 59252_443353415751483_1263950539_n

    A nona resenha continua a mostrar um pouco sobre os super-heróis nacionais. Hoje falaremos de uma obra mais antiga, porém não menos importante: Jaguara - Guerreira e Soberana, de Altemar Domingos.

    A personagem em si, uma guerreira indígena, líder de uma tribo que habita uma região desconhecida da Amazônia, que se pinta e se veste com as cores da banderia nacional e cujo idioma é o Tupi antigo, já deixam claro a proposta de Altemar. Porém, o desejo de fazer um trabalho com temática nacional foi tão forte, que até mesmo pequenos detalhes acabam ganhando destaque. Por exemplo, a organização dos quatro capítulos, que não são numerados, mas sim identificados por cores: "Capítulo Verde: Começo"; "Capítulo Amarelo: Conhecimento"; "Capítulo Azul: Confronto" e "Capítulo Branco: Coroação".

    E quem é esta misteriosa guerreira chamada Jaguara? Ela é a líder dos Krenakores (Índios Gigantes), que habitam um lugar conhecido como Jaguaretama (Vale da Onça), uma terra onde existem ferozes tribos e muitos mistérios. Apenas pouquíssimos índios conhecem a verdadeira localização do Jaguaretama, o qual é considerado pela maioria dos homens apenas como lenda.

    Jaguara assume a liderança de sua tribo após a morte de seu pai, Aguaratã, assassinado covardemente durante uma guerra entre tribos. Para liderar os Krenakores, Jaguara recebe do Deus Nhanderubussu a poderosa Lança de Tupã, que lha dá o poder de controlar os raios e os relâmpagos. De posse desta lendária arma, Jaguara não apenas deve liderar seus súditos contra feras da natureza e contra tribos rivais (como os ferozes Caetês), mas também deve enfrentar forças demoníacas, lideradas por Jurupari, que pretende dominar o Jaguaretama e destruir a lança, a única arma capaz de subjugá-lo. E para aumentar ainda mais seus desafios, Jaguara ainda terá que proteger a pureza de sua terra da ganância do homem branco.

    Jaguara - Guerreira e Soberana é um álbum que se diferencia da maioria das histórias de heróis nacionais por se concentrar em elementos históricos e culturais totalmente brasileiros. Não apenas pela personagem ser uma indígena, mas também por todo o seu mundo estar inserido neste contexto. As hordas demoníacas de Jurupari são totalmente inspiradas no folclore brasileiro. Ao longo do álbum, por exemplo, Jaguara tem uma batalha mortal contra o Saci, e também tem que lidar com o Curupira, ambos em versões reformuladas pelo autor e que realmente surpreendem pela criatividade.

    Além disso, Jaguara ainda tem que lidar com um grupo de mercenários, que houvem rumores sobre o Jaguaretama e montam uma equipe de exploração. Os mercenários se fazem de amigos para Jaguara e seus súditos, para então atacarem quando menos se espera. Neste ponto, Altemar nos traz uma reflexão interessante: mais de 500 anos se passaram e tão pouco mudou para a realidade dos índios brasileiros...

    Jaguara - Guerreira e Soberana também compartilha a consciência ecológica de álbuns mais novos, como P.E.T (de Nestablo Ramos) e o Bandeirinha: o livro traz uma sessão especial mostrando as espécies animais que aparecem na trama (indicando ainda o possível risco de extinção, quando é o caso).

    O trabalho de pesquisa da história, do folclore, da fauna e da flora brasileiros foi tão preciso que muitos dos diálogos feitos pelos índios na história possuem várias expressões extraídas do Tupi. Para isto, Altemar contou com o apoio do Professor Doutor Eduardo Navarro, da Universidade de São Paulo. Para enriquecer ainda mais a obra, as expressões são traduzidas em um glossário ao final do livro.

    A arte em Jaguara - Guerreira e Soberana também merece destaque. O traço de Altemar é bem definido, detalhista como toda a obra. O trabalho de cores é muito bonito e não deixa nada a desejar se comparado com as HQs que vemos habitualmente. Cabe aqui uma menção especial aos layouts das páginas, pois na maioria delas os quadrinhos seguem formas criativas e pouco convencionais. Alguns poucos quadros ficaram confusos por causa deste elemento, mas nada que atrapalhe a narrativa da história e a qualidade do trabalho de Altemar.

    O livro foi lançado em 2005 pela Via Lettera Editora e possui 128 páginas coloridas. Hoje em dia é um pouco difícil de encontrá-lo, mas para quem gosta de HQs nacionais, esta busca vale a pena!

    Jaguara - Guerreira e Soberana
    Altemar Domingos
    Via Lettera
    Capa colorida, Miolo colorido
    Preço: no site do autor pode ser comprada por R$14,50.

    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir a obra: http://jaguarahq.blogspot.com.br/
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb Abr 20, 2013 2:33 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 302008_446901242063367_284361144_n

    A décima resenha de HQ nacional continua a mostrar um pouco sobre os super-heróis nacionais. Hoje falaremos de um um herói bastante conhecido entre os autores independentes: Lagarto Negro, de Gabriel Rocha!

    Criado em 1998 para o fanzine Impacto, desde o início o personagem foi criado para que os leitores tivessem a oportunidade de acompanhar a saga de um herói cuja realidade é muito próxima da que vivemos. Para isso, Gabriel escolheu a cidade do Rio de Janeiro como palco para as aventuras do Lagarto Negro. Mas quem espera encontrar a cidade maravilhosa dos cartazes e dos filmes, se engana: o principal ambiente das aventuras do herói estão no submundo da cidade, aquele que aparece nos tablóides policiais.

    Muitas pessoas, ao entrar em contato com o Lagarto Negro pela primeira vez, certamente pensam que seu visual em muito se assemelha a um certo escalador de paredes. Porém, basta ler as primeiras histórias deste personagem para perceber que as semelhanças são apenas visuais... E quem estiver disposto a conhecer os quadrinhos nacionais, descobrirá que pode se divertir muito com ambos os personagens!!

    Assim como o Vulto, de Wellington Santos, o Lagarto Negro não tem super-poderes, tendo como arsenal de combate ao crime o seu treinamento em guerrilha urbana e suas armas não-letais, como o seu inseparável (e já conhecido entre os autores nacionais) nunchaku. Um fato muito curioso a respeito do personagem é que sua verdadeira identidade jamais foi revelada. Nas palavras do próprio autor: "Os leitores ficam malucos com isso!"

    Entretanto, para aguçar os interessados, Gabriel revela algumas características sobre o homem por trás da máscara do Lagarto Negro. Nosso herói atuou como instrutor de um batalhão de operações especiais da Polícia Federal, tendo se especializado em guerrilha urbana e antiterrorismo em Israel. Carrega uma forte crença de que a disciplina conduz à força. Durante sua carreira no batalhão, passou a enfrentar a corrupção policial e foi incriminado pela própria corporação, sendo obrigado a fugir e simular sua própria morte.

    Até este ponto, as origens de Vulto e do Lagarto Negro possuem muitos pontos em comum. Mas as semelhanças param por aí. Enquanto o Vulto atua sozinho, com o apoio de parte da polícia de Belo Horizonte, o Lagarto Negro é recrutado por uma organização não governamental para trabalhar como gente especial no combate ao crime organizado e a corrupção governamental.

    O Lagarto Negro teve uma série de aparições em diversos Fanzines e HQs independentes. O principal meio de atuação de Gabriel Rocha é a Web, onde publica várias histórias do personagem, a maioria gratuitas. O carisma do personagem e as histórias sempre bem desenhadas, cheias de ação e investigações policiais, fizeram com que o Lagarto Negro ganhasse um espaço bastante considerável em meio aos autores nacionais. A maior prova disso é que o personagem participou de duas revistas impressas nas quais se encontra com outros heróis brasileiros! Na primeira delas, o Lagarto Negro participa de uma edição do Cometa, publicada pela SG Artes Visuais, do catarinense Samicler Gonçalves (nesta edição, o Lagarto Negro e o Cometa atuam em conjunto com outro herói nacional, o Crânio, de Francinildo Sena). Na segunda, publicada pela Jupiter II, o personagem se encontra com a famosa heroína Velta, de Emir Ribeiro.

    Além dos dois encontros mencionados acima, uma edição online do Lagarto Negro merece destaque: uma edição especial que o personagem ganhou pela Mundo HQB, na qual o leitor pode encontrar não apenas as primeiras histórias do herói, mas também depoimentos especiais do autor sobre as aventuras criadas! A edição pode ser obtida por download, no link abaixo:

    http://www.lagartonegro.com.br/noticias_094.php

    Com mais de dez anos de estrada, sempre é possível encontrar alguma HQ deste personagem que já se tornou um ícone entre os autores. E sempre que houver uma união de heróis brasileiros, lá estará o Lagarto Negro ajudando a fortalecer o cenários dos quadrinhos nacionais!

    Ah, e para o fãs de futebol... Vale lembrar que o Lagarto Negro é torcedor do América Futebol Clube, do Rio de Janeiro.

    Lagarto Negro
    Gabriel Rocha
    Publicações diversas
    Capa e miolo colorido ou preto e branco (dependendo da publicação)
    Em sua maioria, publicações online

    Para quem quiser conhecer, baixar HQs online ou adquirir as HQs impressas: http://www.lagartonegro.com.br/
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb Abr 27, 2013 2:07 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 399601_449956738424484_1687240228_n

    Nossa décima primeira resenha pega carona na publicação do perfil do personagem Darci, de Crônicas de Piápolis, em nossa página no Facebook. Hoje vamos dar uma pausa nos heróis brasileiros fantasiados para falarmos de uma personagem que, a sua maneira, não deixa de ser uma heroína: Katita, de Anita Costa Prado.

    Katita surgiu em 1995, quando a então escritora Anita Costa Prado começou a se aventurar no mundo das tiras em quadrinhos. Em meio à criação de vários roteiros, ela sentiu a ausência de uma personagem sexualmente assumida nos quadrinhos nacionais. Quando a personagem Katita foi apresentada em suas primeiras tiras, enfrentou a mesma realidade que os homossexuais de carne e osso enfrentam no mundo inteiro: o preconceito e a resistência. Afinal, quem gostaria de publicar tiras sobre um assunto tão delicado e complexo?

    Cabe uma observação neste contexto. Em geral, o preconceito e a resistência ocorrem não apenas contra a homossexualidade em si, mas com relação a algo ainda mais profundo: as diferenças. Para reflexão sobre este assunto, vale citar uma trecho do artigo "A Sociedade Mundial da Cegueira", do professor Leonardo Boff: "Hoje propala-se pomposamente que vivemos sob a sociedade do conhecimento, uma espécie de nova era das luzes. Efetivamente assim é. Conhecemos cada vez mais sobre cada vez menos. O conhecimento especializado colonizou todas as áreas do saber. O saber de um ano é maior que todo saber acumulado dos últimos 40 mil anos. Se por um lado isso traz inegáveis benefícios, por outro, nos faz ignorantes sobre tantas dimensões, colocando-nos escamas sobre os olhos e assim impedindo-nos de ver a totalidade."

    Durante a resenha do Chroma sobre a obra "A Tempestade", de Lillo Parra e Jefferson Costa, foi dito que nós somos todos diferentes, mas quando unidos, formamos o cenário mais bonito que se pode imaginar! E este é o grande desafio que Anita enfrenta ao publicar as tiras e os livros de Katita: esclarecer, educar e proporcionar reflexão sobre o homossexualismo. E Anita sabe fazer isto sem forçar a barra ou sem impor seu ponto de vista.

    As tiras contam o cotidiano de Katita, uma jovem lésbica vegetariana que lida com muito humor, simpatia e irreverência com os diversos olhares a respeito de suas opções de vida. Um destaque para o processo de criação da Katita: a personagem, seu universo e suas histórias são baseadas em fatos reais vivenciados pela própria autora. Para desenvolver as tirinhas de Katita, Anita Costa Prado contou com o traço talentoso de vários desenhistas, tais como Laudo Jr., Lauro Roberto, Leonardo Braz Muniz, Tarcílio Dias Ferreira e Ronaldo Mendes.

    Ao ler as primeiras tirinhas, os leitores facilmente percebem que Katita é uma personagem única. Uma garota de gênio forte, que sabe o que quer e não tem medo de lutar por isso, mas que sabe enfrentar as situações de maneira leve, ganhando a simpatia de todos aqueles que souberem prestar atenção ao que ela tem a dizer, sejam amigas, amigos, conhecidos, leitores, editores e críticos de quadrinhos.

    Diante da resistência das grandes editoras, Anita Costa Prado levou sua personagem para os meios alternativos, em publicações independentes. O bom humor e a abordagem diferenciada das tirinhas de Katita, que sabem lidar com a questão de maneira muito divertida, fizeram com que em pouco tempo a personagem se tornasse referência e ganhasse destaque entre os quadrinhos nacionais.

    A repercussão da personagem foi tão positiva que em 2006 ela foi publicada em um livro próprio, chamado "Katita – Tiras Sem Preconceito", da editora Marca de Fantasia. E naquele mesmo ano, o livro foi agraciado com duas premiações no prêmio Angelo Agostini (Anita venceu como a melhor roteirista e o álbum como o melhor lançamento do ano). Considerando que a Marca de Fantasia é uma editora independente, que a exemplo do Chroma trabalha com poucos recursos e com tiragens limitadas, as premiações recebidas são a consolidação daquilo que afirmamos desde a nossa primeira resenha: brasileiros sabem fazer quadrinhos de qualidade!

    Nos anos seguintes, Katita ganhou novos livros publicados pela Marca de Fantasia. Em 2008 a personagem também passou a figurar em postais sobre diversidade sexual e na cartilha da visibilidade lésbica publicada pela Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads), da Prefeitura de São Paulo. Divertir e educar, uma missão que tanto a Katita quando a Anita sabem conduzir de um jeito muito especial!

    Katita - Tiras Sem Preconceito
    Anita Costa Prado
    Desenhos de Ronaldo Mendes
    Capa colorida, miolo preto e branco
    R$10,00

    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir os livros: http://www.marcadefantasia.com/index.htm

    Para quem quiser conhecer ou fazer contato com a autora: http://cafofodakatita.blogspot.com.br/
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb maio 04, 2013 2:17 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 577655_453503728069785_220238162_n

    Em nossa décima segunda resenha voltamos a mostrar um pouco sobre os super-heróis nacionais. Hoje falaremos não apenas de um herói nacional, mas também de um belo exemplo de perseverança e de paixão pela arte dos quadrinhos: Guardião, de Leandro Gonçalez.

    Leandro Gonçalez é um exemplo de autor cuja paixão pelas artes fala por si. Nascido em Ourinhos-SP e radicado em Bauru-SP, trabalha como artista plástico e professor de desenho, mas também encontra tempo para se dedicar aos seus fanzines. Em seu estúdio (local onde ocorreu, em Novembro de 2012, a Fanzinada de Bauru, da qual o Projeto Chroma orgulhosamente participou), Leandro desenvolve com amigos diversos fanzines temáticos de terror, do cangaço e também de super-heróis. Este esforço conjunto deu origem ao selo da Editora Hiboriana, através do qual Gonçalez e os demais autores publicam suas obras.

    O Guardião é um destes super-heróis criados por Gonçalez. O primeiro super-herói de Bauru é um jovem chamado Ricardo Landi, que ao ver sua namorada ser vítima da violência urbana e morrer em seus braços, realiza uma série de experimentos químicos e treinamentos físicos para se tornar um vigilante urbano.

    A exemplo do Vulto e do Lagarto Negro, o grande destaque nas histórias do Guardião é o local onde se passa a história. O Guardião não apenas enfrenta o crime em Bauru, mas também se veste com as cores da bandeira da cidade. Além disso, o herói conta com o apoio do prefeito, inspirado no atual prefeito de Bauru, Rodrigo Agostinho (reeleito na última campanha com 80% dos votos ainda no primeiro turno).

    Se por um lado as histórias do Guardião não possuem as elaboradas tramas dos heróis estadounidenses, por outro lado Gonçalez consegue resgatar duas premissas que andam meio esquecidas em algumas megasagas que vemos por aí: a simplicidade da história e, consequentemente, o fator diversão! Com histórias simples e curtas, o Guardião é uma ótima opção para quem busca uma leitura fácil de entender.

    O traço de Gonçalez, como todo desenhista que se dedica com paixão aos seus trabalhos, mostra nítidas evoluções a cada fanzine concluído. E no caso do Guardião isso é bem evidente: comparando a primeira edição com a recém-lançada segunda edição, podemos perceber o quanto o traço e o personagem evoluiram.

    Vale destacar também o meio de produção dos fanzines da Editora Hiboriana: Gonçalez produz todas as edições manualmente, em seu próprio estúdio. Estes autênticos fanzines não somente ganharam o público de Bauru e região (a primeira edição do Guardião chegou a se esgotar), como também passaram a ser divulgados nas várias edições da Fanzinada. Uma prova de merecido reconhecimento a um autor que ensina a todos nós que um artista de verdade sempre encontra um meio de ir mais longe pelo simples amor à arte!

    O Guardião
    Leandro Gonçalez
    Editora Hiboriana
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Preço: Entre R$ 3,00 a R$5,00.

    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir as edições: envie um e-mail para leandrogoncalez@gmail.com
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb maio 11, 2013 2:01 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 922923_456453291108162_1750266812_n

    Nossa décima terceira resenha encerra a sequência de resenhas sobre os super-heróis nacionais, mas aqueles que gostam do tema podem ficar tranquilos, pois voltaremos a falar de outros heróis nacionais eventualmente.

    Hoje trazemos a vocês o trabalho de um autor nacional de destaque, não apenas por toda a sua trajetória nos quadrinhos no exterior, mas também pela paixão com que se dedica à arte também no Brasil. A prova disso é que ele não criou apenas um herói, mas sim uma equipe de heróis nacionais: Comando 5, de Allan Goldman.

    Muitos fãs de quadrinhos americanos (em particular da DC Comics) já devem ter ouvido falar de Allan Goldman. Afinal, este autor teve uma brilhante carreira internacional como desenhista na DC, em títulos como “Omac”, “Action Comics”, “Superman”, “Justice League of America”, “Teen Titans”, “Superman & Batman” e “Wonder Woman”. Nascido no Rio de Janeiro-RJ e residindo atualmente em Fortaleza-CE, também atuou em quadrinhos, capas e ilustrações para gibis no Brasil, França e Itália.

    Atualmente, Allan se dedica ao trabalho independente, desenvolvendo as revistas do Comando 5, de sua própria autoria, que mostra as aventuras de um grupo de super-heróis financiado pelo governo brasileiro, o qual confere ao grupo a liberdade de ação através de uma lei de intervenção federal, atuando em missões que soldados comuns não conseguem fazer. Mesmo protegido pelo estatuto brasileiro, o grupo sofre constantes críticas da imprensa e até mesmo dos civis.

    E quais são os integrante do Comando 5? Vamos falar um pouco sobre cada um deles. A equipe é liderada pelo Alfa Negro, que possui força e resistência sobre-humana e é versado em diversas artes marciais. Geralmente é grosseiro e distante dos demais integrantes da equipe, devido a uma tragédia do passado, onde era conhecido como Alfa Branco. Esta tragédia (ainda não revelada) fez com que ele desistisse da vida de herói por um tempo, mas acabou retornando a ativa para liderar o Comando 5.

    Taqui (apelido para seu verdadeiro codinome: Taquicardia) é a única mulher do grupo. Seu poder consiste em manipular o metabolisomo de outros seres humanos por um curto período de tempo, sendo capaz de causar sonolência, irritação nos olhos, acelerar processos de cura e até mesmo provocar arritmia cardíaca em seus oponentes. É uma garota centrada e prática.

    Oculto é um alienígena, embora não se saiba muito sobre suas origens. Muito inteligente e reflexivo, com grande respeito pela vida, se destaca também por ser um brilhante estrategista. Possui habilidades telepáticas, sendo capaz de perceber as emoções das pessoas com facilidade. Em combate também utiliza uma pistola capaz de disparar lasers ou campos de força, os quais pode usar tanto para proteger seus amigos quanto para conter explosões e ataques inimigos. Ninguém nunca viu seu rosto, o qual está sempre coberto por um elmo metálico.

    O bestial Yeti faz jus ao seu codinome, com sua aparência monstruosa e seus sentidos aguçados, grande poder de luta e a maior resistência física entre os membros da equipe. Apesar da aparência, Yeti possui um coração nobre, e nas horas vagas está sempre com um bom livro por perto. Porém, quando necessário sabe se tornar bastante selvagem.

    E finalmente, o jovem Pilha, o integrante mais novo do grupo. Sempre otimista e audacioso, também faz jus ao seu codinome por literalmente gerar energia em seu corpo, a qual ele transforma em energia cinética, tornando-se o velocista da equipe.

    A exemplo dos heróis nacionais das resenhas anteriores, o Comando 5 atua diretamente em cenários nacionais, vivenciando a realidade brasileira. Entre missões e combates a poderosos vilões, a equipe precisa também lidar com a corrupção, a violência urbana, o abismo social, o racismo e o preconceito. Estes dois últimos itens ganham grande destaque na trama, uma vez que a vilã principal da história chama-se Suástica, cuja principal missão é dar continuidade ao movimento nazista.

    Sabendo dosar as cenas de ação com momentos do cotidiano dos heróis, inclusive enfrentando seus problemas pessoais, os roteiros de Allan e JJ Marreiro sabem trabalhar muito bem o enredo e mostram bom domínio do equilíbrio entre os personagens, proporcionando oportunidades a todos eles de terem suas histórias e suas vidas abordadas ao longo das revistas. A arte também é destaque, mostrando porque Allan atuou em tantas revistas no exterior. Além de boas composições, personagens bem definidos e cenários muito bem trabalhados, Goldman também sabe explorar muito bem os layouts das páginas.

    Inicialmente, o Comando 5 apareceu em 2009, em uma publicação da Editora Júpiter II. No ano seguinte, apareceu em outra publicação pela NHQ. Atualmente Allan produz e edita as próprias revistas, lançando as edições do Comando 5 (que atualmente está no número 3, sendo que o quarto número será lançado em breve) através de seu próprio selo, a Goldman Comics. O fato de um artista de reconhecimento internacional se dedicar com tanto carinho às HQs nacionais reforça ainda mais aquilo em que nós do Projeto Chroma acreditamos: brasileiros sabem fazer quadrinhos de qualidade (e fazem, de fato), não por buscarem retorno financeiro ou para fazer nome, mas pela paixão à esta arte!

    Comando 5
    Allan Goldman
    Goldman Comics
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Preço: R$6,00.

    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir as edições: http://www.vcomando.blogspot.com.br/
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb maio 18, 2013 2:15 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 947123_459301524156672_68166490_n

    Após encerrar a sequência sobre os heróis nacionais, nossa décima quarta resenha vamos abordar uma publicação que pode proporcionar bons momentos de reflexão: Histórias Sagradas, de José Salles.

    Aqueles que acompanham o Chroma regularmente, ou que costumam ler quadrinhos nacionais, já devem ter ouvido falar de José Salles. Afinal, ele é o coordenador da Editora Júpiter II, uma das maiores cooperativas de quadrinhos independentes do país. Quem quiser conhecer um pouco sobre Salles e a Júpiter, pode dar uma olhada na galeria de fotos do site do Chroma, na seção Eventos, nas fotos da Fanzinada em Bauru/SP.

    O título da série (que já se encontra em sua 6ª edição) fala por si. Histórias Sagradas tem por objetivo ser uma coleção de HQs baseadas em relatos bíblicos, principalmente sobre o Novo Testamento. Ao longo das edições, os leitores poderão acompanhar versões em quadrinhos de passagens importantes da Bíblia, tais como O Homem Rico, O Centurião Romano, A Profecia de Simeão, A Pregação de João Batista e O Cego Bartimeu.

    Cabe aqui uma observação a respeito. Todos nós sabemos o quanto é difícil lidar com religiões, profecias e previsões… guerras reiligiosas sempre existiram, e mesmo hoje, em plena sociedade do conhecimento, ainda temos a ansiedade (ou preocupação) ao encarar de frente a possibilidade do fim de uma era, prevista pelos Maias para 2012. Afinal, mesmo as previsões do tempo, baseadas em imagens enviadas via satélite, podem ser falhas.

    Ao falar sobre Histórias Sagradas, nosso intuito também não é discutir culturas, civilizações ou religião. A Igreja como a conhecemos foi criada no século IV e a Bíblia depois disso, com base em textos, relatos e livros considerados sagrados em comunidades dispersas pela Terra. Parte da bíblia foi escrita com base em cartas ou diários encontrados, e a parte oriunda de relatos viajou por milênios, através de muitos lábios, em diferentes linguagens, idiomas diversos, realidades distantes… Mas seja qual for a sua crença, lembre-se que ela é válida por causa da mensagem de amor que transmite, e porque Fé é exatamente isto: crer no que não se pode ver ou comprovar! Afinal, crer no que está diante de nossos olhos é banal.

    A série Histórias Sagradas é um bom exemplo disto! Com uma ótima adaptação das passagens bíblicas para o formato de quadrinhos, Salles nos mostra que além de bom coordenador é também um ótimo roteirista. Não somente pelo nível de detalhes que soube manter de cada passagem bíblica, mas por saber enfatizar justamente os momentos em que a mensagem de fé e amor é transmitida. Prova disto ocorreu na edição número 05, quando Salles não se ateve à bíblia e mostrou novos horizontes aos leitores, ao apresentar uma edição diferente. Nesta publicação em particular, Salles adaptou para os quadrinhos algumas passagens do livro Glórias de Maria, escrito por Santo Afonso Maria de Ligório. O autor, nascido na Itália em 1696, abandonou o materialismo aos 30 anos de idade para se dedicar à vida cristã. Fundou a Congregação do Santíssimo Redentor e se tornou mestre e doutor da Igreja, tendo escrito e publicado mais de cem livros.

    Toda HQ de respeito sempre deve haver o envolvimento de um desenhista de respeito. E neste ponto aparece José Menezes, parceiro de Salles em praticamente todas as edições da série até aqui. José Menezes mostra todo seu talento e sensibilidade ao retratar as passagens bíblicas, com um traço leve e bem detalhado.

    A qualidade da revista impressa é ótima e se tornou uma marca das publicações da Júpiter II. Uma série muito recomendada para todos aqueles que têm fé! E para aqueles que ainda não a têm, mas que buscam um momento de paz e reflexão... Sejam bem-vindos!

    Histórias Sagradas
    José Salles e José Menezes
    Júpiter II
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Preço: R$3,00.

    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir os exemplares: http://jupiter2hq.blogspot.com.br
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb Jun 08, 2013 3:10 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 936657_468859616534196_1582984258_n

    Nossa décima quinta resenha chega em um período de intensas atividades do Chroma. Pedimos desculpas pelas duas semanas sem resenhas, estamos correndo bastante para agilizar o andamento das nossas próprias publicações e para trazermos novidades em breve!

    Hoje trazemos a vocês uma obra recomendada a todos aqueles que querem descobrir um pouco mais sobre a história do nosso Brasil, tal como ele realmente é, ou seja, fora do ponto de vista dos vencedores: Sant'Anna da Feira - Terra de Lucas, de Marcos Franco e Hélcio Rogério.

    Aqueles que acompanham os quadrinhos nacionais independentes já devem ter ouvido falar de Marcos Franco. Este autor de Feira de Santana/BA é o criador da super heroína nacional Penitência, publicada online e em algumas edições impressas.

    Para a produção de Sant'Anna da Feira - Terra de Lucas, Marcos realizou um profundo trabalho de pesquisa histórica. Porém, como dissemos anteriormente, Marcos nos traz a história adotando outro ponto de vista: o do próprio personagem, Lucas da Feira. Para isso, Marcos precisou ir além dos livros de história, além do que é contado pelos vencedores, buscando informações em relatos populares e com o auxílio de professores e historiadores. Foram 13 anos de muita pesquisa, um trabalho árduo, porém recompensador.

    Tamanha dedicação resultou em um excelente álbum de 180 páginas. Uma graphic novel que em nada fica devendo ao material estrangeiro. O trabalho de Marcos foi tão bem reconhecido que o projeto obteve patrocíno da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, sendo que os exemplares são custeados através dos recursos do Fundo de Cultura.

    A história gira em torno de Lucas Evangelista, nascido em 18 de Outubro de 1807, um escravo fugitivo ainda criança, que aprendeu a sobreviver sozinho e na vida adulta se tornou o temido Lucas da Feira, cangaceiro que aterrorizava a elite local com seu bando enquanto lutava contra a escravidão. Mais precisamente, o álbum conta a história de Lucas entre o período de 1846 (Quando José Pinheiro Vasconcelos, então Presidente da Província da Bahia, ordenou a prisão de Lucas da Feira) e 1849 (Quando lucas foi preso e executado, em 02 de Fevereiro).

    Com um excelente domínio narrativo, Marcos relata os principais momentos de Lucas da Feira. Ao longo de sua prisão, passando por momentos terríveis no cárcere até o momento de sua derradeira execução, Lucas da Feira relembra, através de flashbacks, vários momentos de sua vida, passando pela infância sofrida afastando-se dos pais, a luta pela sobrevivência na adolescência e vida adulta como líder de um temido bando. Procurando mostrar a figura de Lucas tal como ela realmente deve ter sido, Marcos procurou mostrar tanto os momentos de bondade do personagem quanto as suas passagens mais cruéis, nos quais ele age com violência não somente contra os brancos, mas também contra os seus traidores.

    Para mostrar o quanto a história realmente enfatiza um ponto de vista contrário aos livros, um trecho da história merece destaque: o encontro entre Lucas da Feira (preso e prestes a ser executado) com o D. Pedro II. Em um momento dramático da narrativa, o personagem que outrora lutou com bravura contra a escravidão não tem sequer o direito de se dirigir ao imperador.

    Outro destaque para o trabalho de Marcos foi o nível de detalhamento para com as figuras históricas. Não apenas em retratar visualmente os trajes e residências da época, mas também pela preocupação em manter na narrativa o português arcaico utilizado naquele período, trabalhando inclusive as diferenças entre o português rebuscado dos homens de elite e o português matuto dos escravos.

    Os desenhos de Hélcio Rogério contribuem ainda mais para o clima da obra. Com um traço maduro, personagens expressivos e um belo trabalho de luz e sombra, Hélcio soube retratar muito bem o clima da história, com todos os seus momentos de luta, sofrimento, tristeza e reflexão.

    A qualidade do livro impresso é ótima, e o fato de ser utilizado papel reciclado confere ao álbum um charme especial. Ao folhear as páginas, o leitor fica com a impressão de estar manuseando documentos da época (não apenas pela tonalidade amarelada do álbum, mas também pela própria textura do papel reciclado). Sem dúvida alguma, um excelente trabalho que nos convida a repensar a nossa história e a refletir sobre o nosso futuro.

    Sant'Anna da Feira - Terra de Lucas
    Marcos Franco e Hélcio Rogério.
    Publicação independente - Edição especial
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Preço: R$ 40,00
    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir a obra: envie um e-mail para santanadafeira@gmail.com
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb Ago 10, 2013 1:27 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 1097955_499094550177369_470998668_n

    Nossa décima sexta resenha retoma a nossa programação normal após os eventos do aniversário do Chroma, celebrados ao longo do mês de Julho. Esta resenha em particular é realmente especial para nós, pois tivemos contato com o autor e sua obra antes do Chroma ser lançado oficialmente: XDragoon, de Felipe Marcantonio.

    Aqueles que acompanham os quadrinhos nacionais independentes já devem ter ouvido falar deste autor. Afinal, Felipe publica a saga de XDragoon em seu website desde 2008! São cinco anos dedicados a este trabalho que conquistou muitos fãs não apenas pela internet, mas também nos eventos que Felipe costuma participar.

    A história foi criada originalmente entre 2004 e 2005, quando Felipe fazia um curso de animação 2D. E todo seu trabalho e dedicação à obra renderam uma impressionante coleção de 24 webcomics publicadas, totalizando mais de 1000 páginas em cores! Além disso, todos os anos Felipe lança uma edição comemorativa de aniversário, impressa, que ele vende nos eventos em que participa.

    Disponibilizada em Português e Inglês, XDragoon conta a história dos dragões Rocky e Alfred, habitantes do planeta Gan-mah que lutam contra o ditador Krad del Black, que governa seu planeta com mão de ferro. Krad viaja em direção à Terra e os heróis o perseguem, infiltrando-se em sua nave. Porém, antes mesmo de alcançarem o vilão, eles são obrigados a fugir. Ao chegarem em nosso planeta, acabam salvando a vida da jovem Renata Oliveira e passam a viver em sua companhia, vivendo várias aventuras.

    Com uma trama que equilibra muito bem os momentos de ação, tranquilidade e humor, Felipe vem conquistando cada vez mais leitores. Falando em humor, este é um dos pontos fortes da série, pois Rocky e Alfred nem sempre podem contar apenas com suas habilidades para vencerem os desafios. Existem várias ocasiões nas quais os heróis são obrigados a improvisar, gerando situações realmente engraçadas e inesperadas em meio aos combates.

    Outro destaque no trabalho de Felipe são as cores, sempre bem equilibradas e distribuídas ao longo das páginas. Os dragões são muito coloridos e as combinações refletem muito bem a personalidade de cada personagem.

    Quanto aos desenhos, a cada nova edição lançada é possível perceber a evolução no traço. Neste ponto, Felipe não poupa esforços e está sempre buscando novas maneiras de melhorar seu trabalho. Basta navegar rapidamente pelo site, conferindo as capas das edições lançadas, para descobrir o quanto XDragoon avançou ao longo dos anos. No site também é possível conferir as animações criadas por Felipe, que agregam ainda mais qualidade à obra como um todo.

    As edições impressas, disponíveis nos eventos e também no site do autor, são de boa qualidade e trazem histórias curtas, que complementam mas não interferem na saga principal, publicada online gratuitamente. Se você curte webcomics ou HQs independentes impressas, saiba que XDragoon certamente agrada a ambos! Mais uma obra nacional que merece ser conhecida!

    XDragoon
    Felipe Marcantonio
    Publicação independente
    Capa colorida, miolo colorido (para as webcomics) ou preto e branco (para as edições impressas)
    Preço: as webcomics são gratuitas. As edições impressas custam R$5,00
    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir a obra: www.xdragoon.com
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb Ago 17, 2013 1:55 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 1185957_502513373168820_535104451_n

    Nossa décima sétima resenha é para quem procura uma história original, recheada de diversão e coberta de originalidade. Trazemos um prato cheio: Lunchtime, de Nilton Simas.

    A revista e seu autor são integrante do Estúdio Magyluzia, que realiza trabalhos independentes há 14 anos, com foco nos mangás nacionais. Ao ler as primeiras páginas de Lunchtime, é possível perceber rapidamente o quão longe este grupo chegou.

    O mangá conta uma história que se passa na cidade cidade fictícia de M´kay City, onde humanos coabitam com criaturas mitológicas em um clima de paz e harmonia. Nesta cidade é possível ver monstros atuando em profissões comuns, tais como construção civil, polícia e até mesmo em descontraídas casas de karaokê.
    Em M´kay City vive a vampira Asuka, uma personagem muito explosiva e metida a malvada, que também é dona de um agitado restaurante. Ela tem como funcionário o humano Takashi, um azarado pescador que fornece peixes para o restaurante. Durante um dia normal de pesca, Takashi encontra uma garota presa em sua rede. Ao tentar salvá-la, descobre que ela na verdade é uma sereia chamada Yumiko, uma personagem doce e meiga que possui um incrivel talento na cozinha... Talento este que acaba compensando o fato de Yumiko ser um desastre total quando canta!

    Entre clientes irritados, concorrência desleal e desafios do dia-a-dia, o trio participa de várias aventuras para manter o restaurante sempre em ordem. A história gira em torno de um cotidiano que é ao mesmo tempo inesperado e familiar a todos nós. Nilton conduz a trama de maneira simples e muito divertida. A leitura é tão leve e bem humorada que a principal mensagem do autor é transmitida sem mesmo percebermos.

    E qual seria esta mensagem que Nilton procura transmitir em Lunchtime? O foco da revista é o respeito mútuo e a convivência pacífica com aqueles que são diferentes de nós! A arte e o roteiro de Nilton mostram isso de maneira muito inteligente. Os personagens são muito diferentes entre si, monstros de todo tipo aparecem na revista. Porém, em momento algum os personagens abordam diretamente a questão das diferenças. Eles simplesmente coexistem, cooperam entre si e se completam para formar um todo coeso e bastante harmonioso.

    Claro que nem sempre a harmonia prevalece, e Nilton também aborda isso, mas com muito humor. Para se ter uma idéia, Yumiko quase vai parar na panela logo na primeira história! O bom humor e as situações cômicas e inesperadas são o grande centro da série, agradando tanto a adultos quanto a crianças.

    A arte é outro destaque em Lunchtime. Os desenhos de Nilton Simas são excelentes, dinâmicos e muito expressivos. A diagramação das páginas é fluente e conduz naturalmente o roteiro. Vale mencionar um destaque especial para as capas, com um trabalho de cores profissional!

    Outra característica muito bacana de Lunchtime é a interatividade com o leitor. A partir da edição número 3 (a série encontra-se atualmente na edição número 4), Nilton estreiou o Correio da Asuka. Através de uma História em Quadrinhos curta, Asuka responde às cartas dos leitores, enquanto Takashi e Yumiko fazem de tudo para tentar manter os bastidores funcionando. E assim como a história principal, o Correio da Asuka também é caprichado tanto na arte quanto no roteiro.

    As edições impressas, disponíveis em eventos temáticos e também no site do Estúdio Magyluzia, são de boa qualidade e são ideais para uma leitura leve a caminho do trabalho ou durante uma viagem. Uma obra recomendada pelo Chroma que reforça ainda mais o que dizemos: brasileiro sabe fazer HQ de qualidade!

    Lunchtime
    Nilton Simas
    Estúdio Magyluzia
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Preço: As edições impressas custam R$4,50 + frete
    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir a obra: www.magyluzia.com
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb Ago 24, 2013 12:21 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 576543_506371869449637_2084912342_n

    Nossa décima oitava resenha de HQ nacional traz uma obra dedicada especialmente aos fãs de mangá, mostrando para aqueles que sonham em um dia criarem seus próprio mangás, que este sonho é perfeitamente possível: Night Wolf, de Fabio Moura.

    Night Wolf é uma publicação que, a exemplo das publicações do Chroma, possui pouco tempo de estrada mas está conquistando aos poucos seu espaço entre as HQs independentes. A primeira edição foi publicada por Fabio em 01/06/2012. Desde então, ele chegou à bela marca de 07 edições lançadas de seu mangá, com a número 08 em andamento, e já esteve presente em eventos divulgando seu trabalho. Combinando seu bom traço com recursos gráficos disponíveis em softwares (como o Manga Studio EX), Fabio consegue trazer não apenas uma publicação com tiragem rápida, mas também com boa qualidade.

    A história conta a vida de Kyo Shirou, um mercenário renegado em busca de respostas. Kyo fez fama entre os mercenários e acabou ganhando o apelido de Night Wolf. Membro do clã Miyamoto, Kyo realizava diversas missões, até que certo dia recebeu um trabalho que acabou com sua carreira promissora. Expulso do próprio clã sem ao menos saber o motivo e caçado pelos seus ex-aliados, ele agora busca resolver os seus problemas envoltos de mistérios e conflitos, ao mesmo tempo em que tenta se redimir de sua velha personalidade, enquanto muitos tormentos do passado voltam para assombrar sua vida.

    Como todo bom mangá, a trama de Night Wolf não foca somente na vida do personagem principal, abordando também a vida dos personagens que interagem com ele e um pouco da sociedade em que ele vive. Fabio procura mostrar também como esta sociedade influencia os personagens, dando e tirando os desejos das pessoas que nela vivem.

    Embora se perca de vez em quando em alguns pontos do roteiro, Fabio consegue conduzir bem a história, sabendo equilibrar as cenas de ação com momentos de calmaria e de humor, e também sabendo lidar com os personagens e mostrando muito bem as personalidades e objetivos de cada um. Alguns erros de português se fazem presentes, o que em algumas cenas também tornam o roteiro confuso. Mesmo assim, a leitura de Night Wolf vale a pena. Muitos mistérios existem no universo criado por Fabio, além daqueles que se passam na vida de Kyo, e é muito interessante acompanhar todos eles.

    Entretanto, para que isto aconteça é necessário ler todas as edições. Por um lado, este é um ponto muito positivo, pois Fabio manteve a fidelidade aos mangás japoneses (mantendo uma tiragem contínua da revista, com histórias curtas e rápidas) e também por ser possível notar a evolução da trama e do trabalho do próprio autor. Porém, esta característica também pode se tornar um ponto negativo, pois a falta de uma história fechada para cada edição pode trazer desinteresse aos leitores que não estão habituados às HQs nacionais independentes. Mas para aqueles que acompanharem a saga até o fim, a diversão é garantida!

    Os desenhos são muito bons e mostram a evolução da arte de Fabio ao longo da produção da série. Vale um destaque para as cenas de luta, que ficam mais bem definidas e mais empolgantes a cada edição. As expressões dos personagens são muito bem feitas, e embora alguns deles tenham visuais parecidos, é fácil perceber as diferenças entre eles. Neste ponto, o roteiro ajuda bastante, facilitando muito a identificação dos personagens.

    A diagramação das páginas é um dos pontos fortes de Night Wolf. O layout dos quadros conduz bem o roteiro, e na maioria das páginas a fluência dos quadros é boa. Fabio explora bem os ângulos das cenas e as linhas de ação, equilibrando bem as páginas.

    Um dos principais destaques da série é a qualidade gráfica. As capas impressionam pelo traço e pelo belo trabalho de cores. O layout das capas também é bastante fiel aos mangás japoneses. A qualidade da revista impressa é muito boa, e Fabio ainda adicionou uma característica muito bacana: Todas as capas possuem um QR Code para os leitores acessarem surpresas interessantes no website do autor!

    Para deixar Night Wolf ainda mais rico, Fabio adicionou mais algumas características típicas dos mangás. A principal delas é o sentido inverso de leitura, o que torna ainda mais prazeroso acompanhar a série, pois sabemos que temos em mãos um mangá genuinamente brasileiro. E para completar, Fabio também adicionou uma seção especial onde conversa com os leitores e mostra esboços e rascunhos da produção de Night Wolf. Um belo incentivo para quem também quer se aventurar no universo dos mangás.

    Fabio esteve presente no Anime Friends 2013, participando do Fanzine Expo do Brasil Comic Con (do qual o Chroma também participou). E neste evento, ele teve a oportunidade única de presentear o mestre Yuji Shiozaki, autor do mangá Ikkitousen, com um exemplar de Night Wolf. Que o trabalho de Fabio sirva de inspiração e incentivo a todos os futuros mangakás brasileiros!

    Night Wolf
    Fabio Moura
    Produção independente
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Preço: As edições impressas custam R$6,00 + frete. Fabio também vende o pacote completo por R$28,00.
    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir a obra: http://comicprofile.blogspot.com.br/
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb Ago 31, 2013 1:39 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 1170890_510337679053056_423832269_n

    Nossa décima nona resenha de HQ nacional traz mais uma obra em estilo mangá, aparentemente simples, mas que realmente pode surpreender aqueles que derem uma chance: Templários, de Yuji Katayama.

    Templários é mais um exemplo de publicação recente que com pouco tempo de estrada vem conquistando espaço nos eventos especializados em mangás e animes. Embora com uma produção mais simples, os dois primeiros volumes trazem uma generosa quantidade de páginas (maior que a média das HQs independentes) em uma saga que traz uma temática bastante conhecida (com cavaleiros medievais, maçons, árabes e assassinos) mas muito bem explorada. A revista é disponível tanto no formato impresso quanto digital.

    A trama de Templários ocorre na idade média, por volta do século XI. Neste período, aconteceram muitas batalhas pelo domínio das terras santas, a grande cidade de Jerusalém, uma terra que além de ser a "Meca" de muitas religiões, também possuía um grande poder econômico. Para obter o domínio sobre essas terras, cavaleiros com uma cruz estampada em seus peitos travaram várias batalhas para dominar Jerusalém em nome da igreja católica. Com a vitória dos cruzados e a cidade sob domínio católico, um dos seus cavaleiros se dirige ao novo rei cruzado de Jerusalém e propõe a criação de um contingente militar formado por monges, treinados para obedecer as ordens da igreja e lutar em nome de Deus. Chamados de "Os pobres cavaleiros do templo de Salomão", esses cavaleiros realizaram grandes feitos e ocultavam grandes segredos. Não levou muito tempo até que fossem reconhecidos como "Templários".

    Em meio a este contexto histórico, surgem os jovens Arthurius Sonnac (protagonista da série), Helena de Payens (interesse amoroso do herói) e Oliver Oliveira (melhor amigo de Arthurius), que treinam juntos para se tornarem Templários e serem lembrados na história! Ao longo da saga, acompanhamos a evolução do trio em seu aprendizado sobre como ser um cavaleiro, e seu envolvimento numa trama muito maior pela conquista de Jerusalém.

    Um dos principais destaque de Templários é o trabalho de pesquisa realizado por Yuji para contar a história. Adotando como inspiração as sagas verdadeiras das cruzadas, Yuji explora bem a simbologia e o contexto histórico, inserindo estes elementos com inteligência em seu próprio universo de personagens e trazendo uma história bem detalhada e interessante.

    O roteiro é, sem dúvida, o ponto forte de Templários. Yuji traz um enredo que desperta o interesse, sabendo dosar muito bem as informações históricas, as cenas de luta, os momentos de humor e os instantes de reflexão. Os personagens são cativantes e ajudam a prender a atenção, principalmente quando são mostrados os momentos de evolução de cada um.

    Os desenhos, por sua vez, possuem aspectos positivos e negativos. Yuji sabe explorar muito bem a diversificação de ângulos, a composição de imagens e o dinamismo das cenas. Entretanto, ainda falta um certo domínio com relação a anatomia e perspectiva. As expressões faciais são boas, mas a construção das figuras humanas ainda precisa ser melhor trabalhada. Mesmo assim, Templários sabe passar o seu recado. A diagramação das páginas é boa e ajuda a manter o ritmo da história.

    A qualidade do livro impresso também é boa. Quem adquire um exemplar de Templários imediatamente pode compará-lo com os mangás que costumamos ver nas bancas, principalmente no acabamento. A capa tem boa qualidade, a edição traz muitas páginas, a lombada lateral é detalhada, a leitura é feita no sentido oriental e o papel interno também é semelhante. Entretanto, os exemplares impressos são mais frágeis que a maioria das HQs independentes, o que requer um cuidado um pouco maior durante o manuseio. Mas se bem cuidadas, podem se tornar uma boa adição à coleção que qualquer leitor.

    Yuji esteve presente no Anime Friends 2013, participando do Fanzine Expo do Brasil Comic Con (do qual o Chroma também participou), acompanhado de toda a família. Pai, mãe e o irmão estiveram ao seu lado durante todo o evento, mostrando a capacidade que a arte tem em unir as pessoas, inclusive a família! Templários é mais uma HQ nacional que merece ser conhecida.

    Templários
    Yuji Katayama
    Produção independente
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Preço: As edições impressas custam R$10,00 + frete. Yuji também vende o pacote com as duas edições por R$15,00.
    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir a obra: http://templariosmanga.blogspot.com.br/
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    Mensagem  Thiago Silva Sáb Set 07, 2013 2:14 am

    Conheça o universo das HQs nacionais! 1236394_514135432006614_791533061_n

    Nossa vigésima resenha traz um fanzine que também é outro belo exemplo de perseverança e dedicação aos quadrinhos: Codinome Marshimellow, de Mari Casimiro.

    Integrante da Amai Company, Mari Casimiro (Ou Mari Oruha, como também é conhecida) iniciou a saga no formato de ‘Episódios’, onde cada edição possuía um único capítulo da história. A proposta inicial consistia em ser completamente desenhada em SD (Super Deformed, característica de mangás de humor), sendo que neste formato foram publicados exatamente dois episódios: “1- Em Busca do Marshimellow Perdido” e “2- A Sociedade do Marshimellow”.

    Com a evolução do roteiro e com a necessidade de uma argumentação melhor, a proposta de desenhar a HQ inteiramente em SD foi colocada em segundo plano. A partir daí, Mari passou a um formato mais interessante e chamativo, com mais ênfase na narrativa e no universo dos personagens e menos foco no humor (embora este continue presente ao longo da história).

    Com este novo modelo aliado à nova proposta da Amai Company em ter fanzines com mais páginas, Codinome Marshimellow passou a ser publicado em ‘Volumes’, com cerca de 50 páginas cada. Deste novo conceito surgiram as publicações "Codinome Marshimellow V.01", trazendo os Episódios 1 e 2, e o inédito "Codinome Marshimellow V.02", com os Episódios 3 e 4.

    A obra conta a história de de Sinira “Pupura” Dahlia, a última descendente de uma poderosa família de magos. Tamanho poder era dedicado a uma importante tarefa: guardar uma misteriosa entidade que, uma vez solta, traria desgraça para todo o mundo de Kalehad. Para confinar a entidade, a mesma é mantida na forma de um artefato.

    A cada geração, a entidade foi lacrada e o mundo manteve-se em paz. Porém, no tempo atual, o artefato misterioso se perdeu - assim como seu nome. Assim, os últimos descendentes da Família Dahlia partem em sua busca, para mais uma vez cumprir seu papel neste mundo.

    Com a ajuda de Fred, um temperamental garoto-raposa, Sinira vive uma verdadeira jornada em busca do Artefato Misterioso. Ao longo do caminho, a dupla encontra vários oponentes, como a guerreira samurai Dai-Dai, a druída Hânia e uma misteriosa maga chamada Rita, que possui um confronto particular com Sinira.

    Com um enredo simples, bem equilibrado e mesclando cenas de batalha com várias situações de humor (algumas delas totalmente inusitadas), Mari constrói um universo interessante e cativante. Os personagens despertam a atenção e esbanjam personalidade, mesmo quando eles não querem (Fred é um ótimo exemplo). A busca aparentemente conhecida torna-se uma divertida leitura, com diálogos leves mas bem estruturados.

    Os desenhos, por sua vez, possuem uma tendência a atrair especialmente o público feminino. São leves, graciosos e, como em todo bom mangá, muito expressivos. As personalidades cativantes dos personagens ganham ainda mais força no traço espontâneo de Mari. A diagramação das páginas é simples, mas conduzem bem o roteiro e não deixam pontos confusos.

    A qualidade do livro impresso também é boa. A revista impressa traz, além das histórias, alguns conteúdos adicionais bem bacanas, como o perfil do personagem principal do Volume e algumas artes extras. Destaque especial para as capas, coloridas com a conhecida técnica do bom e velho lápis de cor. Quem adquiriu o Volume 01 de Crônicas de Piápolis (que também tem a capa colorida a lápis) pode ter esta mesma sensação: por mais que a arte digital tenha conquistado seu espaço, a arte tradicional sempre será muito bem-vinda.

    Com um trabalho cujo acabamento lembra muito os fanzines artesanais sem recorrer aos recursos da computação gráfica, Mari Casimiro nos traz uma publicação que mostra que se pode ir realmente longe mesmo com um trabalho mais natural, orgânico, com técnicas de arte que estão ao alcance de todos. Mais uma boa obra recomendada pelo Chroma!

    Codinome Marshimellow
    Mari Casimiro
    Amai Company
    Capa colorida, miolo preto e branco
    Preço: As edições impressas custam entre R$3,00 e R$5,00
    Para quem quiser conhecer mais ou adquirir a obra: https://www.facebook.com/AmaiCompany

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