Nossa décima terceira resenha encerra a sequência de resenhas sobre os super-heróis nacionais, mas aqueles que gostam do tema podem ficar tranquilos, pois voltaremos a falar de outros heróis nacionais eventualmente.
Hoje trazemos a vocês o trabalho de um autor nacional de destaque, não apenas por toda a sua trajetória nos quadrinhos no exterior, mas também pela paixão com que se dedica à arte também no Brasil. A prova disso é que ele não criou apenas um herói, mas sim uma equipe de heróis nacionais: Comando 5, de Allan Goldman.
Muitos fãs de quadrinhos americanos (em particular da DC Comics) já devem ter ouvido falar de Allan Goldman. Afinal, este autor teve uma brilhante carreira internacional como desenhista na DC, em títulos como “Omac”, “Action Comics”, “Superman”, “Justice League of America”, “Teen Titans”, “Superman & Batman” e “Wonder Woman”. Nascido no Rio de Janeiro-RJ e residindo atualmente em Fortaleza-CE, também atuou em quadrinhos, capas e ilustrações para gibis no Brasil, França e Itália.
Atualmente, Allan se dedica ao trabalho independente, desenvolvendo as revistas do Comando 5, de sua própria autoria, que mostra as aventuras de um grupo de super-heróis financiado pelo governo brasileiro, o qual confere ao grupo a liberdade de ação através de uma lei de intervenção federal, atuando em missões que soldados comuns não conseguem fazer. Mesmo protegido pelo estatuto brasileiro, o grupo sofre constantes críticas da imprensa e até mesmo dos civis.
E quais são os integrante do Comando 5? Vamos falar um pouco sobre cada um deles. A equipe é liderada pelo Alfa Negro, que possui força e resistência sobre-humana e é versado em diversas artes marciais. Geralmente é grosseiro e distante dos demais integrantes da equipe, devido a uma tragédia do passado, onde era conhecido como Alfa Branco. Esta tragédia (ainda não revelada) fez com que ele desistisse da vida de herói por um tempo, mas acabou retornando a ativa para liderar o Comando 5.
Taqui (apelido para seu verdadeiro codinome: Taquicardia) é a única mulher do grupo. Seu poder consiste em manipular o metabolisomo de outros seres humanos por um curto período de tempo, sendo capaz de causar sonolência, irritação nos olhos, acelerar processos de cura e até mesmo provocar arritmia cardíaca em seus oponentes. É uma garota centrada e prática.
Oculto é um alienígena, embora não se saiba muito sobre suas origens. Muito inteligente e reflexivo, com grande respeito pela vida, se destaca também por ser um brilhante estrategista. Possui habilidades telepáticas, sendo capaz de perceber as emoções das pessoas com facilidade. Em combate também utiliza uma pistola capaz de disparar lasers ou campos de força, os quais pode usar tanto para proteger seus amigos quanto para conter explosões e ataques inimigos. Ninguém nunca viu seu rosto, o qual está sempre coberto por um elmo metálico.
O bestial Yeti faz jus ao seu codinome, com sua aparência monstruosa e seus sentidos aguçados, grande poder de luta e a maior resistência física entre os membros da equipe. Apesar da aparência, Yeti possui um coração nobre, e nas horas vagas está sempre com um bom livro por perto. Porém, quando necessário sabe se tornar bastante selvagem.
E finalmente, o jovem Pilha, o integrante mais novo do grupo. Sempre otimista e audacioso, também faz jus ao seu codinome por literalmente gerar energia em seu corpo, a qual ele transforma em energia cinética, tornando-se o velocista da equipe.
A exemplo dos heróis nacionais das resenhas anteriores, o Comando 5 atua diretamente em cenários nacionais, vivenciando a realidade brasileira. Entre missões e combates a poderosos vilões, a equipe precisa também lidar com a corrupção, a violência urbana, o abismo social, o racismo e o preconceito. Estes dois últimos itens ganham grande destaque na trama, uma vez que a vilã principal da história chama-se Suástica, cuja principal missão é dar continuidade ao movimento nazista.
Sabendo dosar as cenas de ação com momentos do cotidiano dos heróis, inclusive enfrentando seus problemas pessoais, os roteiros de Allan e JJ Marreiro sabem trabalhar muito bem o enredo e mostram bom domínio do equilíbrio entre os personagens, proporcionando oportunidades a todos eles de terem suas histórias e suas vidas abordadas ao longo das revistas. A arte também é destaque, mostrando porque Allan atuou em tantas revistas no exterior. Além de boas composições, personagens bem definidos e cenários muito bem trabalhados, Goldman também sabe explorar muito bem os layouts das páginas.
Inicialmente, o Comando 5 apareceu em 2009, em uma publicação da Editora Júpiter II. No ano seguinte, apareceu em outra publicação pela NHQ. Atualmente Allan produz e edita as próprias revistas, lançando as edições do Comando 5 (que atualmente está no número 3, sendo que o quarto número será lançado em breve) através de seu próprio selo, a Goldman Comics. O fato de um artista de reconhecimento internacional se dedicar com tanto carinho às HQs nacionais reforça ainda mais aquilo em que nós do Projeto Chroma acreditamos: brasileiros sabem fazer quadrinhos de qualidade (e fazem, de fato), não por buscarem retorno financeiro ou para fazer nome, mas pela paixão à esta arte!
Comando 5
Allan Goldman
Goldman Comics
Capa colorida, miolo preto e branco
Preço: R$6,00.
Para quem quiser conhecer mais ou adquirir as edições: http://www.vcomando.blogspot.com.br/