A vida tem uma característica rotativa. Nascemos, vivemos e ao morrermos algo construtivo precisa ser deixado para aqueles que estão chegando para uma nova vida. Não precisa necessariamente ser uma grande descoberta científica, tecnológica ou artística. Além de sentirmos a vida em toda a sua magnitude, beleza e profundidade, usufruindo de todos os prazeres possíveis, desde que sejam gozos legítimos e naturais, é fundamental termos atitudes básicas como ajudar um doente a fazer a barba, arrumar uma cadeira de rodas para um deficiente físico carente, visitar um idoso abandonado e doente, proteger todos os seres do reino animal, desde uma abelha até um boi, cuidar da flora, dar uma cesta básica para uma família que não se alimenta há dias, ouvir o desespero de alguém. Quando nos afastamos do egoísmo, da indiferença, da frieza, da neutralidade diante dos problemas de todos os seres sencientes, humanos ou animais, estaremos mergulhando na verdadeira essência da vida. Causar danos ao outro é não entender o sentido da vida. A existência não é absurda ou sem significado, embora exista o fardo pesado para alguns que é a angústia em si mesma, de se reconhecer como um ser vivo, independente de um problema específico. A finitude certa e a nossa permanência efêmera deve nos motivar para as grandes realizações que podem vir de pequenos gestos de solidariedade. Vinícius de Moraes dizia que a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Temos a missão de preparar um mundo melhor para o outro porque como dizia o mesmo poeta, a vida não é brincadeira. A vida é para valer. E é uma só.